Capítulo
1
OS ANJOS
proporcionaram-me a visão d'Ele, e deles é que eu aprendi tudo; por meio deles
também me foi dado compreender as coisas que pude ver, mas não em relação à
geração presente, mas sim em relação a uma geração futura.
2 Dos
eleitos eu falo, e sobre eles dou início às minhas alegorias: Eis que o Santo
desce da sua morada. O Deus Eterno caminha sobre a terra no alto do monte Sinai
(Ele desce da sua posição, Ele se mostra) e, em seu imenso poder, revela a
glória do mais alto do céu.
3 E
todos os seres existentes são tomados pelo temor; os Guardiões tremem,
possuídos de grande angústia e medo, até os confins da terra.
4 As
mais altas montanhas hão de tremer e os picos mais elevados desabarão,
derretendo-se como cera ao fogo. A terra será desmantelada e tudo que sobre ela
existe será supresso; e tudo será submetido a julgamento.
5 Mas
com os justos Ele firma a paz, protege os eleitos e concede-lhes sua graça.
Eles constituirão a propriedade de Deus e estarão na beatitude e na bênção. Ele
mesmo a todos protegerá, e a luz divina brilhará sobre eles. Ele mesmo firmará
com eles o pacto da paz.
6 Em
verdade! Ele virá com milhares de Santos, para exercer o julgamento sobre o
mundo inteiro e aniquilar todos os malfeitores, reprimir toda carne pelas más
ações tão iniquamente perpetradas e pelas palavras arrogantes que os pecadores
insolentemente proferiram contra Ele.
Capítulo
2
1
Observai com atenção como no céu nenhum dos corpos altera o seu curso e como as
luzes todas do firmamento nascem e se põem, cada uma no seu tempo
preestabelecido, e como jamais transgridem a sua ordem!
2
Considerai a terra! Vede os eventos que do princípio ao fim sobre ela
acontecem, e como nela nada se modifica e como todas as obras de Deus se
manifestam aos nossos olhos! Contemplai o verão e o inverno, e como a terra
toda está repleta de água e como sobre ela se expandem as nuvens, o orvalho e a
chuva!
Capítulo
3
1
Observai e vede a natureza de todas as árvores, que parecem secas, despojadas
de todas as suas folhas, à exceção de quatorze espécies que não se despem da
sua folhagem mas que conservam a antiga por dois ou três anos, até que brote a
nova!
Capítulo
4
1
Observai como no verão o sol se encontra por sobre a terra, perpendicular a
ela! Então procurais lugares frescos e sombra; a terra está constantemente
abrasada, de tal sorte que não podeis pisar no solo ou numa pedra, por causa do
seu calor.
Capítulo
5
1
Observai como as árvores se cobrem de folhas verdes, e como todos os seus
frutos proclamam a honra e a glória de Deus! Prestai atenção e vede todas as
suas obras! Então reconhecereis que foi Aquele que é o Vivo que assim as fez.
2 Todas
as obras por Ele criadas comportam-se de ano para ano de forma constante; e
todas as funções que elas cumprem para Ele não se modificam de forma alguma; ao
contrário, tudo se realiza como Deus ordenou. Vede como o mar e os rios
igual-mente cumprem a sua função!
3 Mas e
vós? Não tivestes perseverança e não cumpristes a Lei do Senhor. Vós caístes, e
com as palavras obstinadas e arrogantes proferidas por vossa boca ultrajastes a
Sua Majestade. O duros de coração! Não haverá paz para vós.
4 Com
isso estais a amaldiçoar os vossos dias e pondo a perder os anos da vossa vida;
e os anos da vossa maldição serão avolumados por uma condenação eterna. Nenhum
perdão estará reservado para vós.
5 Então
emprestareis o vosso nome aos justos para que estes o utilizem constantemente
para amaldiçoar. Por vosso intermédio, ó vós todos malditos, eles rogarão
pragas; por vosso intermédio, ó vós todos pecadores e pérfidos, eles
esconjurarão.
6 Os
eleitos, porém, serão contemplados com a paz, a luz e a alegria; mas vós,
sacrílegos, sereis alvo da renegação. Os eleitos serão agraciados com a
sabedoria; eles viverão e não pecarão nunca mais, nem por ignorância nem por
atrevimento; ao iluminado será concedida mais luz e ao inteligente mais
entendimento.
7 Não
pecarão nunca mais nem mais serão julgados por todos os dias da sua vida, e não
haverão de perecer pela ira de Deus; ao contrário, o número dos seus dias será
completado serenamente. A sua vida crescerá na paz, e muitos serão os anos das
suas delícias em que viverão jubilosos e em paz por toda a sua vida.
Primeira Parte O livro dos Anjos
Capítulo
6
A queda
dos Anjos
1 Quando
outrora aumentou o número dos filhos dos homens, nasceram-lhes filhas bonitas e
amoráveis. Os Anjos, filhos do céu, ao verem-nas, desejaram-nas e disseram
entre si: "Vamos tomar mulheres dentre as filhas dos homens e gerar
filhos!"
2
Disse-lhes então o seu chefe Semjaza: "Eu receio não queirais realizar
isso, deixando-me no dever de pagar sozinho o castigo de um grande
pecado". Eles responderam-lhe em coro: "Nós todos estamos dispostos a
fazer um juramento, comprometendo-nos a uma maldição comum mas não abrir mão do
plano, e sim executá-lo".
3 Então
eles juraram conjuntamente, obrigando-se a maldições que a todos atingiriam.
Eram ao todo duzentos os que, nos dias de Jared, haviam descido sobre o cume do
monte Hermon. Chamaram-no Hermon porque sobre ele juraram e se comprometeram a
maldições comuns.
4 Assim
se chamavam os seus chefes: Semjaza, o superior de todos eles, Arakiba, Rameel,
Kokabiel, Tamiel, Ramiel, Danei, Ezekeel, Narakijal, Azael, Armaros, Batarel,
Ananel, Sakeil, Samsapeel, Satarel, Turel, Jomjael e Sariel. Eram esses os
chefes de cada grupo de dez.
Capítulo
7
1 Todos
os demais que estavam com eles tomaram mulheres, e cada um escolheu uma para
si. Então começaram a freqüentá-las e a profanar-se com elas. E eles
ensinavam-lhes bruxarias, exorcismos e feitiços, e familiarizavam-nas com ervas
e raízes.
2
Entrementes elas engravidaram e deram à luz a gigantes de 3.000 côvados de
altura. Estes consumiram todas as provisões de alimentos dos demais homens. E
quando as pessoas nada mais tinham para dar-lhes os gigantes voltaram-se contra
elas e começaram a devorá-las.
3 Também
começaram a atacar os pássaros, os animais selvagens, os répteis e os peixes,
rasgando com os dentes as suas carnes e bebendo o seu sangue. Então a terra
clamou contra os monstros.
Capítulo
8
1 Azazel
ensinou aos homens a confecção de espadas, facas, escudos e armaduras, abrindo
os seus olhos para os metais e para a maneira de trabalhá-los. Vieram depois os
braceletes, os adornos diversos, o uso dos cosméticos, o embelezamento das
pálpebras, toda sorte de pedras preciosas e a arte das tintas.
2 E
assim grassava uma grande impiedade; eles promoviam a prostituição, conduziam
aos excessos e eram corruptos em todos os sentidos. Semjaza ensinava os
esconjuros e as poções de feitiços, Armaros a dissipação dos esconjuros,
Barakijal a astrologia, Kokabel a ciência das constelações, Ezekeel a
observação das nuvens, Arakiel os sinais da terra, Samsiel os sinais do sol e
Sariel as fases da lua.
3 Quando
os homens se sentiram prestes a serem aniquilados levantaram um grande clamor,
e seus gritos chegaram ao céu.
Capítulo
9
1 Então
Miguel, Uriel, Raphael e Gabriel olharam do alto do céu e viram a quantidade de
sangue derramado sobre a terra e todas as desgraças que sobrevieram. Eles então
falaram entre si: "O clamor da terra deserta de homens bate mais uma vez
às portas do céu. Avós, ó Santos do céu, invocam assim desoladas as almas
humanas: Levai o nosso lamento à presença do Altíssimo!"
2 Então
eles falaram ao Senhor dos mundos: "Tu és o Senhor dos Senhores, o Deus
dos Deuses, o Rei dos Reis. O trono da tua Majestade permanece ao longo de
todas as gerações do mundo; o teu Nome é santo, glorioso e louvado em todo o
universo.
3
"Tudo foi por Ti criado e conservas o domínio sobre todas as coisas. Tudo
é claro e manifestado diante dos teus olhos. Tu vês tudo e nada pode ocultar-se
na tua presença.
4
"Tu vês o que foi perpetrado por Azazel, como ele ensinou sobre a terra
toda espécie de transgressões, revelando os segredos eternos do céu, forçando
os homens ao seu conhecimento; assim procedeu Semjaza, a quem conferiste o
comando sobre os seus subalternos.
5
"Eles procuraram as filhas dos homens sobre a terra, deitaram-se com elas
e tornaram-se impuros; familiarizaram-nas com toda sorte de pecados. As
mulheres pariram gigantes e, em conseqüência, toda a terra encheu-se de sangue
e de calamidades.
6
"Agora clamam as almas dos que morreram, e o seu lamento chega às portas
do céu. Os seus clamores se levantam ao alto, e em face de toda a impiedade que
se espalhou sobre a terra não podem cessar os seus queixumes.
7
"E Tu sabes de tudo, antes mesmo que aconteça. Tu vês tudo isso e
consentes. Não nos dizes o que devemos fazer."
Capítulo
10
1 Então
o Altíssimo, o Santo, o Grande, tomou a palavra e enviou Uriel ao filho de
Lamech, com a ordem seguinte: "Dize-lhe, em meu nome: 'Esconde-te!', e
anuncia-lhe o fim próximo! Pois o mundo inteiro será destruído; um dilúvio
cobrirá toda a terra e aniquilará tudo o que sobre ela existe.
2
"Comunica-lhe que ele poderá salvar-se, e que seus descendentes serão
mantidos por todas as gerações do mundo!"
3 E a
Raphael disse o Senhor: "Amarra Azazel de mãos e pés e lança-o nas trevas!
Cava um buraco no deserto de Dudael e atira-o ao fundo! Deposita pedras ásperas
e pontiagudas por baixo dele e cobre-o de escuridão! Deixa-o permanecer lá para
sempre e veda-lhe o rosto, para que não veja a luz!
4
"No dia do grande Juízo ele deverá ser arremessado ao arremedo de fogo!
Purifica a terra, corrompida pelos Anjos, e anuncia-lhe a Salvação, para que
terminem os seus sofrimentos e não se percam todos os filhos dos homens, em
virtude das coisas secretas que os Guardiões revelaram e ensinaram aos seus filhos!
Toda a terra está corrompida por causa das obras transmitidas por Azazel. A ele
atribui todos os pecados!"
5 E a
Gabriel disse o Senhor: "Levanta a guerra entre os bastardos, os monstros,
os filhos das prostituídas e extirpa-os do meio dos homens, juntamente com
todos os filhos dos Guardiões! Instiga-os uns contra os outros, para que na
batalha se eliminem mutuamente! Não se prolongue por mais tempo a sua vida!
Nenhum rogo dos pais em favor dos seus filhos deverá ser atendido; eles esperam
ter vida para sempre, e que cada um viva quinhentos anos".
6 A
Miguel disse o Senhor: "Vai e põe a ferros Semjaza e os seus sequazes, que
se misturaram com as mulheres e com elas se contaminaram de todas as suas
impurezas!
7
"Quando os seus filhos se tiverem eliminado mutuamente, e quando os pais
tiverem presenciado o extermínio dos seus amados filhos, amarra-os por sete
gerações nos vales da terra, até o dia do seu julgamento, até o dia do Juízo
Final!
8
"Nesse dia, eles serão atirados ao abismo de fogo, na reclusão e no
tormento, onde ficarão encerrados para todo o sempre. E todo aquele que for
sentenciado à condenação eterna seja juntado a eles, e seja com eles mantido em
correntes, até o fim de todas as gerações.
9
"Extermina os espíritos de todos os monstros, junta-mente com todos os
filhos dos Guardiões, porque eles maltrataram os homens! Purga a terra de todo
ato de violência! Toda obra má deve ser eliminada! Que floresça a árvore da
Verdade e da Justiça. O sinal da bênção será o seguinte: as obras da Verdade e
da Justiça sempre serão semeadas na alegria verdadeira.
10
"Então florescerão os justos e haverão de viver até gerarem mil filhos, e
completarão em paz todos os dias da sua juventude e da sua velhice. Então toda
a terra será cultivada com a Justiça, inteiramente plantada de árvores, e cheia
de bênção.
11
"Toda espécie de árvore boa será plantada sobre ela, igualmente videiras;
e as videiras produzirão uvas em abundância. De todas as sementes que forem
semeadas uma medida produzirá mil outras; e uma medida de olivas dará dez cubas
de óleo.
12
"Purifica a terra de todo ato de violência, de toda injustiça, de todo
pecado e impiedade; elimina toda a impudicícia que sobre ela se pratica! Todos
os homens serão justos, todos os povos me prestarão honra e glória, e todos me
adorarão.
13
"A terra então ficará expurgada de toda maldade, de todo pecado, de toda
praga, de todo tormento; e nunca mais mandarei sobre ela um dilúvio, ao longo
de todas as gerações, por toda a eternidade.
Capítulo
11
1
"Naqueles dias eu abrirei as câmaras dos depósitos da bênção do céu e
deixa-las-ei derramar-se sobre a terra, sobre as obras e os trabalhos dos
filhos dos homens.
2
"Então a Verdade e a Paz juntar-se-ão por todos os dias da terra e por
todas as gerações dos homens."
Capítulo
12
1 Enoque
havia desaparecido, e nenhum dos filhos dos homens sabia onde ele se
encontrava, onde se ocultava e o que era feito dele. O que ocorrera é que ele
havia estado junto dos Guardiões e transcorreu os seus dias na companhia dos
Santos.
2 Eu,
Enoque, ergui-me e louvei o Senhor da Majestade e Rei do mundo. Então os
Guardiões me chamaram, a mim Enoque, o Escriba, e disseram-me: "Enoque,
tu, o Escriba da Justiça, vai e anuncia aos Guardiões do céu que perderam as
alturas do paraíso e os lugares santos e eternos, que se corromperam com
mulheres à moda dos homens, que se casaram com elas, produzindo assim grande
desgraça sobre a terra; anuncia-lhes: `Não encontrareis nem paz nem perdão'. Da
mesma forma como se alegram com seus filhos, presenciarão também o massacre dos
seus queridos, e suspirarão com a sua desgraça. Eles suplicarão sem cessar, mas
não obterão nem clemência nem paz!"
Capítulo
13
1 Então
Enoque encaminhou-se até eles e assim falou a Azazel: "Tu não terás a paz.
Uma sentença severa recaiu sobre ti: deverás ser acorrentado. Não alcançarás
indulgência nem será aceita a intercessão, por causa dos atos violadores que
ensinaste a praticar, e por causa de todas as obras blasfemas, da violência e
dos pecados que mostraste aos homens".
2 Então
eu dirigi a palavra a todos eles. Todos encheram-se de grande medo e foram
tomados de pavor e tremor. Suplicaram-me que lhes escrevesse um rogo
intercessório, para que pudessem obter o perdão, e que eu lesse o seu pedido na
presença do Senhor dos céus.
3 Pois a
partir de então não lhes era mais permitido falar com Ele, nem levantar os seus
olhos para o céu, de vergonha pelos seus delitos, pelos quais foram castigados.
4 Assim,
eu redigi o seu rogo de súplica, falando da sua condição de espíritos e dos
seus atos individualmente praticados, e contendo o seu pedido especial de
clemência e perdão. Então pus-me a caminho e assentei-me junto às águas do Dan,
na terra de Dan, que se situa a sudoeste do Hermon; proferi em voz alta o seu
pedido, depois adormeci.
5 Tive
sonhos e sobrevieram-me visões; vi imagens de julgamentos e uma voz falou
dentro de mim, dizendo-me que fosse anunciar isso aos filhos do céu e
adverti-los.
6 Quando
acordei, encaminhei-me até eles. Encontrei-os todos sentados a chorar, no Jail
de Abel, entre o Líbano e o Senir. Relatei-lhes todas as visões que tivera
durante o sono; comecei a pronunciar as palavras da Justiça e a advertir os
Guardiões celestes.
Capítulo
14
1 Este é
o livro das palavras da Justiça e da advertência aos Guardiões eternos, segundo
o que o grande Santo ordenara naquela visão. Eu vi durante o meu sono tudo o
que agora vou narrar com a minha língua carnal e com o sopro da minha boca;
Deus concedeu os mesmos aos homens para que possam pronunciar as palavras e
entendê-las com o coração.
2 Da mesma
forma como Ele criou os homens e deu-lhes o dom de entender palavras de
sabedoria, assim também criou a mim e transmitiu-me a incumbência de advertir
os Guardiões, os filhos do céu.
3 Eu
havia redigido o vosso pedido, mas na visão que tive foi-me revelado que o
vosso rogo jamais será atendido, mas, ao contrário, que a sentença que sobre
vós recaiu é definitiva e nada vos será concedido.
4 Daqui
por diante nunca mais havereis de subir ao céu; mas foi determinado que sejais
acorrentados aqui na terra por todos os tempos. Antes disso, porém, devereis
presenciar o extermínio dos vossos amados filhos. Nenhum deles restará; todos
sucumbirão pela espada, aos vossos olhos.
5 Vosso
pedido em favor deles não será aceito, como não o foi o vosso próprio, a
despeito de vosso choro e súplicas, e não o seria mesmo que pronunciásseis
todas as palavras do escrito por mim redigido.
6 Na
visão foi-me dado presenciar o quadro seguinte: nuvens levaram-me ao interior
da imagem, e uma névoa arrebatou-me ao alto; o curso das estrelas e dos raios
conduzia-me e me impelia, e ventos transportando-me ao alto daquele panorama.
Eles conduziram-me ao céu.
7 Eu
entrei por ele, até defrontar-me com um muro, todo feito de cristal e
circundado de línguas de fogo. Isso começou a inspirar-me grande medo. Todavia,
eu entrei pelas línguas de fogo adentro e aproximei-me de uma grande casa, toda
construída de cristal. As paredes da casa assemelhavam-se a um assoalho
assentado em cristal; e de cristal eram também os fundamentos da casa.
8 Seu
teto era como o curso das estrelas e dos raios; e de permeio havia querubins;
seu céu era límpido como a água. Mas um mar de fogo circundava as suas paredes,
e suas portas flamejavam.
9 E eu
entrei naquela casa, que era quente como o fogo e fria como a neve; dentro dela
não existia acomodação alguma; fiquei prostrado de medo e tomado pelo tremor.
Caí com a face por terra; e na visão que tive observei o seguinte:
10 Havia
lá uma outra casa, maior ainda do que a primeira; todas as suas portas estavam
abertas diante de mim; era feita de línguas de fogo. Em todos os seus aspectos
ela revelava brilho, fausto e grandeza, de tal sorte que eu não saberia como
descrever-vos sua magnificência e tamanho.
11 Seu
chão era de fogo; suas partes superiores representavam raios e órbitas
estelares, e sua cobertura era de fogo flamejante. Olhei, e vi dentro dela um
trono muito alto. Sua aparência era como que circular, e as rodas que possuí
apareciam-se com o sol brilhante; era a visão do querubim.
12 Por
baixo do trono saíam jatos de fogo flamejante. A grande Majestade assentava-se
sobre ele; suas vestes eram mais brilhantes do que o sol e mais brancas do que
a neve. Nenhum dos Anjos podia aproximar-se; nem conseguiam encarar sua face
por causa do seu esplendor e majestade. Nenhuma carne podia ousar olhá-lo.
13 Ao
redor dele havia fogo flamejante; na frente dele, um fogo poderoso, e ninguém
por perto podia aproximar-se. A volta, em círculo, postavam-se dez mil vezes
dez mil em sua presença; Ele, porém, não necessitava de conselheiro algum.
14 Os
Seres mais santos, que se encontravam na sua proximidade, d'Ele não se
afastavam nem de dia nem de noite; de forma alguma o abandonavam. Até esse
momento, eu jazia com a face por terra, a tremer. Então o Senhor por sua
própria boca dirigiu-se a mim e disse: "Aproxima-te, Enoque! Escuta a
minha palavra!"
15 Então
um dos Santos chegou até onde eu estava e despertou-me do meu torpor; fez-me
levantar e conduziu-me até o vestíbulo; eu porém deixei pender minha cabeça.
Capítulo
15
1 Ele
tomou a palavra, e falou comigo; e eu prestei atenção à sua voz: "Não
temas, Enoque, homem honesto e Escriba da Justiça! Vem até aqui e escuta as
minhas palavras. Vai e dize aos Guardiões do céu que te enviaram como seu
intercessor: Sois vós que devíeis interceder pelos homens, não os homens por
vós!
2
"Por que motivo abandonastes o alto do céu, santo e eterno, dormistes com
mulheres, vos contaminastes com as filhas dos homens, tomastes a elas por
esposas, comportando-vos como os filhos da terra e gerando filhos gigantes?
3
"'Vós éreis santos, seres espirituais, detentores de uma vida eterna, mas
depois vos deixastes corromper pelo sangue das mulheres e gerastes filhos com o
sangue carnal, e com isso, desejando o sangue humano, e produzindo carne e
sangue, vos igualastes àqueles que são mortais e transitórios.
4
"`Por isso, eu concedi a essas mulheres, que com eles coabitaram, e que
com eles geraram filhos, que nada lhes falte sobre a terra. Vós, porém, fostes
anteriormente espíritos eternos, destinados a serdes imortais ao longo de todas
as gerações do mundo. Por isso eu não criei para vós mulheres, pois os
espíritos do céu possuem no céu a sua morada.
5 Os
gigantes, porém, que foram gerados do espírito e da carne, serão chamados na
terra de espíritos maus; eles também terão a sua morada na terra. Do corpo
delas procederam espíritos maus; pois, embora nascidos de humanos, é dos
Guardiões santos o seu princípio e origem primeira. Eles serão espíritos
corruptos sobre a terra. e assim chamar-se-ão.
6 Os
espíritos do céu, no céu têm a sua morada; mas os espíritos da terra, que na
terra foram nascidos, nesta terão a sua morada. Os espíritos dos gigantes são
cheios de maldade, cometem atos de violência, destroem, agridem, brigam,
promovem a devastação sobre a terra e instauram por toda parte a confusão.
Pois, embora famintos, não comem; bebem, e continuam a ter sede. E esses
espíritos levantam-se contra os filhos dos homens e contra as mulheres, pois
destas procederam.
Capítulo
16
1 A
partir dos dias da matança, do extermínio e da morte dos gigantes, quando os
Espíritos abandonarem seu corpo carnal sem sofrerem julgamento e condenação,
eles continuarão a agir daquela maneira perversa, até o dia do grande Juízo
Final, quando então o mundo acabará completamente para os Guardiões e para
todos os ímpios.
2
"Dize agora aos Guardiões, que outrora moravam no céu, e que te enviaram
como seu intercessor: 'Vós estáveis no céu. Nem todos os segredos vos foram
revelados; contudo conhecíeis um segredo que não convinha passar, e na vossa
imprudência o transmitistes às mulheres. Através da revelação desse segredo,
homens e mulheres praticam muitas desgraças sobre a terra'. Portanto dize-lhes:
'Vós não tereis nenhuma paz'!"
As viagens de Enoque
Relato da primeira viagem:
Capítulo
17
1
Tomaram-me então e transportaram-me a um lugar onde as coisas se apresentavam
como chamas de fogo, e, quando queriam, podiam transformar-se em formas
humanas. Depois levaram-me ao lugar das trevas e sobre uma montanha cujo cume
alcançava o céu.
2 Eu vi
o lugar das luminárias, os reservatórios das estrelas e dos trovões e, nas
profundidades mais distantes, um arco de fogo com setas e sua alijava, uma
espada de fogo e todos os relâmpagos.
3 Depois
transportaram-me ao lugar das águas vivas e do fogo ocidental, que recebe o sol
da tarde. Então cheguei a uma torrente de fogo, cuja incandescência fluía como
a água, e que se derramava num grande oceano.
4 Então
eu vi as grandes correntes de água, e cheguei até o grande rio e a grande
escuridão; depois cheguei aos lugares para onde se encaminha toda a carne. Eu
vi as montanhas da escuridão do inverno e os lugares para onde fluem todas as
águas das profundezas.
5 Então
eu vi a foz de todos os rios da terra e a desembocadura das águas profundas.
Capítulo
18
1 Eu vi
as câmaras de todos os ventos; eu vi como Ele adornava toda a terra por meio
deles; eu vi também os alicerces da terra. Eu vi a cumeeira da terra; eu vi os
quatro ventos que suportam (a terra e) o firmamento. Eu vi como os ventos
expandiam a abóbada celeste, e como a sua posição se situava entre o céu e a
terra; eles constituem as colunas do céu.
2 Eu vi
os ventos que fazem girar o céu e movimentam o disco solar e as estrelas, até o
seu ocaso. Eu vi os ventos que sobre a terra transportam as nuvens; eu vi os
caminhos dos Anjos; eu vi, nos confins da terra, o firmamento que se sustenta
nas alturas.
3 Depois
eu fui em direção ao sul e vi um lugar que ardia todo o tempo; ali encontram-se
sete montanhas de pedras preciosas, três delas do lado leste e três do lado
sul. Das do lado leste, uma é de pedras coloridas, outra de pérolas e outra de
topázio; as do lado sul são formadas de pedras vermelhas.
4 A
montanha do meio alcança o céu; assemelha-se ao trono de Deus, e é feita de
alabastro; o ápice do trono é de safira. Vi então um fogo flamejante. Para além
daquelas montanhas existe um lugar que representa o fim da grande terra; lá o
próprio céu chega ao seu fim.
5 Então
eu vi um abismo com colunas de fogo da altura do céu, e vi depois essas mesmas
colunas ruindo; elas são incomensuráveis, tanto em altura como em profundidade.
Atrás desse abismo eu vi uma região que por cima não tinha firmamento e por
baixo não tinha bases terrestres firmes; sobre ela não havia nem água nem
pássaros; era um lugar deserto e horrível.
6 Lá eu
vi sete estrelas, como montanhas grandes e ardentes. Quando perguntei sobre
elas, disse o Anjo: "Este é o lugar em que o céu e a terra acabam; esta é
a prisão das estrelas e das legiões dos corpos celestes.
7
"E as estrelas que circulam sobre o fogo são aquelas que no início do seu
curso transgrediram as ordens de Deus, não aparecendo no seu devido tempo.
Assim, Ele encolerizou-se com elas e prendeu-as por dez mil anos, até o tempo
em que estiver expiado o seu pecado."
Capítulo
19
1 Então
disse-me Uriel "Aqui é o lugar onde ficarão os Anjos que se misturaram com
as mulheres, como também os seus Espíritos, que assumem formas variadas e que
corrompem os homens. Também seduzem a estes, fazendo-os prestar culto aos
demônios como se fossem deuses. Aqui eles ficarão até o grande dia do Juízo,
quando serão sentenciados à aniquilação completa. As mulheres seduzidas pelos
Anjos, serão transformadas em sereias".
2 Eu,
Enoque, vi sozinho essa visão do fim de todas as coisas, e ninguém a verá como
eu vi.
Relato da segunda viagem
Capítulo
20
1 As
funções dos Anjos vigias são as seguintes:
2 Uriel,
um dos santos Anjos, preside ao mundo e ao tártaro;
3
Raphael, um dos santos Anjos, dirige os espíritos dos homens;
4
Raguel, um dos santos Anjos, exerce a vingança no mundo das Luzes;
5
Miguel, um dos santos Anjos, foi estabelecido sobre a parte melhor dos homens,
sobre o povo de Israel e sobre o Caos;
6
Sarakael, um dos santos Anjos, foi estabelecido como o vigia dos Espíritos que
induzem os outros espíritos ao pecado;
7
Gabriel, um dos santos: Anjos, preside ao Paraíso, às Serpentes e aos
Querubins;
8
Remiel, um dos santos, Anjos, foi por Deus incumbido de presidir aos
ressuscitados.
Capítulo
21
1 Fui
levado em frente até a região onde as coisas constituíam um caos. Lá eu vi algo
de espantoso; não se via nem um céu por cima nem uma terra firme por baixo, mas
tão somente um lugar desolado horrível. Lá eu vi sete Estrelas celestes,
aprisionadas àquele lugar, semelhantes a grandes montanhas abrasadas de fogo.
2 Então
eu perguntei: "Em nome de que pecado foram elas aprisionadas e por que
foram confinadas neste lugar?"
3 Então
disse-me Uriel, um dos santos Anjos que estavam comigo e era o meu condutor:
"Enoque! Por que perguntas e por que pões tanto empenho em conhecer a
Verdade? Aquelas são as Estrelas do céu que transgrediram as ordens de Deus;
aqui elas permanecem aprisionadas, até que transcorram os dez mil anos, o tempo
do seu pecado".
4 Dali
partimos para uma outra região, ainda mais horrorosa do que a anterior. Lá eu
vi coisas de causar espanto. Havia um fogo imenso lançando grandes labaredas e
o seu âmbito chegava até o fundo do abismo, e era cheio de colunas de fogo que
despencavam. Não consegui perceber nem avaliar a sua extensão e profundidade.
Então eu exclamei: "Como é medonho este lugar e como é horroroso de se
ver!"
5 Então
respondeu-me Uriel, um dos santos Anjos que estava comigo, dizendo:
"Enoque! Por que tanto te assustas e te espantas?" Eu disse: "E
por causa deste lugar assustador e de horrível aspecto."
6 Então
ele falou-me: "Este lugar é a prisão dos Anjos; aqui eles ficarão reclusos
até a eternidade".
Capítulo
22
1 Dali
partimos para um outro lugar, e Ele mostrou-me do lado do Ocidente um conjunto
de montanhas imensas e altas, de rocha maciça. Havia lá quatro cavernas,
profundas, amplas e lisas; três delas eram escuras e uma clara, tendo no centro
dela uma fonte de água. Então eu disse: "Como são lisas essas cavernas!
Como são profundas e escuras!"
2
Respondeu-me então Raphael, um dos santos Anjos que estavam comigo: "Estas
cavernas foram criadas para abrigar as almas daqueles que morreram. Foram
criadas para reunir todas as almas dos filhos dos homens. Estes lugares foram
constituídos para sua morada, até o dia do seu Julgamento, até o final do prazo
e do tempo preestabelecidos, quando então ocorrerá sua sentença".
3 Então
eu ouvi os gemidos do espírito de um dos filhos dos homens, que havia morrido,
e cujos lamentos chegavam até o céu. Perguntei então ao anjo Raphael, que
estava junto de mim: "De quem é este espírito que se lamenta? De quem é
esta voz, cujo gemido chega até o céu?"
4 Então
Ele falou-me: "Este é o espírito que saiu de Abel. Ele foi golpeado e
morto por seu irmão Caim, e assim emite queixas contra ele, até que os
descendentes deste sejam eliminados da terra e a sua raça desapareça dentre os
homens".
5 Em
seguida perguntei sobre as cavernas: "Por que estão separadas umas das
outras?" Respondeu-me: "Três destes espaços foram preparados para
manter segregados os espíritos dos que estão mortos; mas uma seção foi
reservada para os espíritos dos justos, onde jorra uma fonte de águas límpidas.
6
"Dessa forma, há um espaço que foi preparado para os pecadores que, ao
morrerem e serem enterrados, não chegaram a sofrer em vida uma sentença. Ali
suas almas ficarão isoladas até o grande dia do Juízo, o dia do castigo e do
sofrimento reservados aos que foram condenados para sempre, quando então se
exercerá a vingança das suas almas; nesse lugar Ele os manterá aprisionados até
à eternidade.
7
"Existe igualmente outra seção que se destina às almas dos queixosos, dos
que reivindicam justiça por sua ruína, por terem sido mortos nos dias dos
pecadores. E uma outra seção foi feita para aqueles homens que não foram
justos, mas sim pecadores, totalmente ímpios e cúmplices dos perversos; suas
almas não serão castigadas no dia do Juízo, mas também não serão
ressuscitadas."
8 Então
eu louvei ao Deus da Glória, dizendo: "Glorificado sejas Tu, Senhor, Justo
Juiz do mundo".
Capítulo
23
1 Dali
eu fui a um outro lugar, no Ocidente, até os confins da terra. Lá eu vi um fogo
flamejante que se deslocava constantemente de cá para lá, e que não cessava o
seu movimento regular nem de dia nem de noite, mas ao contrário mantinha-se
sempre igual.
2 Eu
perguntei: "Que é essa coisa incansável?" Então respondeu-me Raguel,
um dos santos Anjos que estavam comigo: "Esse fogo ambulante, que viste no
Ocidente, é o fogo que abastece todas as luminárias do céu".
Capítulo
24
1
Daquele ponto, fui a um outro lugar da terra, e Ele mostrou-me um conjunto de
montanhas de fogo que ardiam dia e noite.
2 Passei
por cima delas e observei sete montes magníficos, todos diferentes uns dos
outros, cujas rochas eram imponentes e belas, no seu todo, de agradável aspecto
e de formas bonitas. Três dos montes situavam-se do lado oriental, sobrepostos
uns aos outros; três do lado Sul, também sobre-postos, e entre eles
desfiladeiros íngremes e profundos, que não confinavam uns com os outros.
3 A
sétima montanha situava-se entre as anteriores, superava-as em altura e era
parecida com a sede de um trono; árvores odoríferas circundavam esse trono.
4 Entre
essas árvores havia uma cujo perfume eu jamais havia experimentado. Nenhuma
daquelas árvores, nem qualquer outra, podia comparar-se com ela. Difundia mais
perfume do que todos os incensos; suas folhas, suas flores e seu lenho não
fenecem nunca, e sua fruta é maravilhosa, parecida com a tâmara.
5 Eu
falei então: "Como é bela esta árvore! Como são perfumadas e bonitas as
suas folhas Como são deliciosas para os olhos suas flores!" Respondeu-me
então Miguel, um dos santos e honrados Anjos que estavam comigo, o superior
deles.
Capítulo
25
1 Ele
falou-me: "Enoque! Por que perguntas e admiras o perfume desta árvore e
procuras saber a Verdade?" Então eu, Enoque, respondi, dizendo:
"Sobre todas as coisas eu gostaria de saber algo, e de modo muito
particular sobre esta árvore".
2 Ele
respondeu-me: "Aquela montanha alta que viste, e cujo cume se parece com o
trono de Deus, é de fato o seu trono, sobre o qual o Santo, o Grande, o Único,
o Senhor da Glória, o Rei Eterno se assentará quando descer para visitar a
terra e agraciá-la com a sua bênção.
3
"Esta árvore, todavia, não poderá ser tocada por nenhum mortal até o dia
do Grande Julgamento, quando Ele tomará as contas de todos até o último ceitil;
então essa árvore será entregue aos justos e aos santos. Os seus frutos então
servirão de alimento para os escolhidos; ela será transplantada para o lugar
santo, no templo do Senhor, o Rei Eterno.
4
"Então eles se alegrarão sobremodo e caminharão com alegria pelos lugares
santos; o aroma da árvore penetrará até os seus ossos. Levarão sobre a terra
uma vida mais longa do que os seus Patriarcas, e nos seus dias não sofrerão nem
tristezas, nem dores, nem cansaços, nem pragas."
5 Então
eu louvei o Rei da Glória, o Rei da Eternidade, por ter preparado, criado e
assegurado tais coisas para os justos.
Capítulo
26
1 Dali
eu parti para o meio da terra e contemplei um lugar abençoado e frutífero, onde
havia árvores com galhos que brotavam e floriam dos ramos podados. Lá,
igualmente, eu vi uma montanha santa, e ao sopé da mesma, do lado leste, um rio
que corria na direção do sul.
2 Do
lado do Oriente vi ainda uma outra montanha, mais alta do que aquela, e,
dividindo-se as duas, uma garganta estreita e profunda; ela era o leito do rio
que nascia ao pé da montanha.
3 Do
lado ocidental havia outra montanha, mais baixa do que a anterior e de porte
menor; entre estas e as anteriores havia um desfiladeiro profundo; outro
desfiladeiro, também profundo, e seco, abria-se no extremo da montanha.
4 Esses
profundos desfiladeiros eram estreitos, de rocha dura; nenhuma árvore crescia
ali. Admirei-me com as rochas; espantei-me com os desfiladeiros; e tudo aquilo
maravilhou-me sobremaneira.
Capítulo
27
1 Então
eu falei: "Para que serve esta terra abençoada, repleta de árvores, e para
que estes desfiladeiros malditos no meio dela?"
2
Respondeu-me então Uriel, um dos santos Anjos que estavam comigo, e disse:
"Aquela garganta maldita que viste foi destinada aos eternamente malditos;
ali serão agrupados todos aqueles que, com a sua boca, proferem coisas
desrespeitosas contra Deus e falam com insolência da sua Glória. Ali eles serão
reunidos; será o lugar do seu Julgamento.
3
"Nos últimos dias, realizar-se-á o espetáculo de um julgamento definitivo
sobre eles, na presença dos justos; ali os piedosos louvarão ao Rei da Glória,
ao Senhor da Eternidade. No dia do Julgamento dos pecadores os justos O
louvarão por causa da sua misericórdia, por Ele manifestada para com
eles."
4 Então
eu dei graças ao Rei da Glória, proclamei a sua honra e entoei um cato de
louvor a Ele.
Capítulo
28
1 Dali
eu fui (na direção do Oriente) até o meio das montanhas do deserto; lá eu vi
uma estepe. Era um lugar solitário, mas palmilhado de árvores e vegetação; e
dos pontos altos jorrava água. Esta fluía na direção noroeste, como um rico
manancial de águas e formava nuvens e orvalho que se. levantavam de todos os
lados.
Capítulo
29
1 Dali
eu fui para um outro lugar do deserto e aproximei-me do lado oriental daquelas
montanhas. Lá eu vi plantas aromáticas que reascendiam a incenso e mirra, e
elas pareciam-se com a amendoeira.
Capítulo
30
1 Então
eu fui mais adiante, para o Oriente, e vi um outro sítio muito grande, com
águas que se precipitavam nos despenhadeiros. Ali havia uma árvore cuja
aparência era de planta aromática, semelhante à almécega. A beira daqueles
vales eu vi a caneleira olorosa; então eu fui ainda mais adiante, para o leste.
Capítulo
31
1 Eu vi
outras montanhas; sobre elas havia bosques de onde fluía o néctar, o chamado
bálsamo ou ungüento.
2 Atrás
daquelas montanhas eu vi outra, ao leste da região; sobre ela havia plantas de
aloés, e todas as demais árvores gotejavam resina, semelhantemente às
amendoeiras. Ao triturar-se a sua fruta, ela exalava toda sorte de olores.
Capítulo
32
1 Por
sobre as montanhas ao nordeste vi sete montes cheios de nardo precioso,
almécegas, nela e pimenta. Dali transportei-me por sobre os cumes de todas
essas montanhas, na direção oriental da terra; passei pelo mar da Eritréia e
depois, afastando-me dele, sobrevoei o Zotiel.
2 Então
cheguei ao Jardim da Justiça e vi, dentre as demais plantas, muitas e grandes
árvores que ali cresciam; e elas eram aromáticas, muito bonitas, altas e
majestosas. Entre estas encontrava-se a Árvore da Sabedoria, de cujo fruto
comem os Santos e alcançam grande sapiência.
3 Essa
árvore, pela sua fronde, assemelha-se ao pinheiro; sua folhagem é parecida com
a da alfarrobeira; o seu fruto é tão delicioso quanto as uvas de vinho; e o seu
perfume é percebido a grande distância. Então eu exclamei: "Como é bela
esta árvore e como é agradável o seu aspecto!"
4
Respondeu-me o santo Anjo Raphael, que estava comigo, e disse: "Esta é a
Árvore da Sabedoria, da qual o teu antigo pai e tua antiga mãe comeram, antes
do teu tempo. Com isso, eles conheceram o saber; os seus olhos se abriram e
eles reconheceram que estavam nus. Então eles foram expulsos do Paraíso".
Capítulo
33
1 Dali
eu fui mais em frente, até os confins da terra; lá eu vi animais de grande
porte, todos diferentes uns dos outros; também pássaros que divergiam na
aparência, beleza e voz, igualmente diferentes uns dos outros. Mais ao leste de
onde estavam esses animais eu vi os extremos da terra, sobre os quais repousa o
céu da terra; os portais do céu estavam abertos.
2 Eu vi
as estrelas do céu se aproximarem, contei os portões por onde elas apareciam,
anotei a saída de todas, e em relação a todas anotei especialmente o número, o
nome, as conexões, as posições, os períodos e meses, tudo segundo me mostrava o
Anjo Uriel, que estava comigo. Ele mostrava-me tudo, transcrevendo ao mesmo
tempo; transcreveu para mim o nome de cada uma e suas leis, bem como as suas
acompanhantes.
Capítulo
34
1 Dali
segui na direção do norte, aos confins da terra; lá eu presenciei um grande e
majestoso prodígio, nos extremos do mundo. Vi três portais celestes abertos;
através de cada um deles procedem ventos do Norte. Quando sopram, vêm o frio, o
granizo, a geada, a neve, o orvalho e a chuva.
2 De um
dos portais eles sopram favoravelmente; quando, porém, sopram dos outros dois,
é com violência. E soprando com violência eles espalham privações sobre a
terra.
Capítulo
35
1 Dali
tomei o rumo do Ocidente, até os confins da terra; nesse lugar vi três portões
abertos, semelhantemente aos que vira no Oriente; os mesmos portões, com suas
aberturas.
Capítulo
36
1 Dali
parti para o sul, até os confins da terra; lá vi três portões celestes abertos.
Deles provêm os ventos do Sul, assim como orvalho e chuva. Dali fui adiante, na
direção do Oriente, até os confins da terra; lá vi abertas as três portas
celestes orientais; sobre elas havia portões pequenos.
2
Através de cada um desses portões menores passam as estrelas do céu que
caminham para o Oriente, nos seus cursos preestabelecidos. Nesse momento, eu
louvei o Senhor da Glória e a toda hora o louvo, por ter Ele criado as obras
grandes, magníficas e admiráveis e por mostrar a magnitude da sua obra aos
Anjos, aos Espíritos e aos homens, para que todos louvem a sua inteira Criação,
ao verem a força do seu poder, possam, assim, proclamar grande obra das suas
mãos glorificar o Senhor por toda eternidade.
Segunda parte - As Alegorias
1
Segunda visão que ele teve, visão da sabedoria, presenciada por Enoque, filho
de Jared e neto de Mahalaleel, filho de Cainan e neto de Enos, filho de Seth e
neto de Adão.
2 Este é
o início das palavras de sabedoria que eu desejo transmitir em alta voz aos
habitantes da terra: Escutai, vós Patriarcas, e vós, descendentes, as palavras
santas que eu vos direi, na presença do Rei dos Espíritos!
3 Melhor
seria fossem elas transmitidas unicamente aos Patriarcas; contudo, desejamos
que não fique oculto aos descendentes o início da sabedoria. Até agora, jamais
tal saber foi transmitido pelo Senhor dos Espíritos, da forma como eu o recebi,
através da minha visão e pelo beneplácito do Rei dos Espíritos, por quem me foi
manifestada a explicação da Vida Eterna.
4 Três
visões alegóricas foram-me concedidas, e assim levantei a minha voz para
narrá-las aos habitantes da terra.
Primeira
Alegoria
Capítulo
38
O futuro
Reino de Deus
1 A
primeira alegoria. Quando a comunidade dos justos se tomar visível, e quando os
pecadores forem castigados pelos seus pecados e expulsos da terra, quando o
Justo aparecer diante dos olhos dos justos, cujas obras estão guardadas junto
ao Senhor dos Espíritos, e quando a luz dos justos e dos escolhidos brilhar
sobre a terra, onde estará então o lugar dos pecadores e onde o lugar de
descanso para aqueles que renegaram o Senhor dos Espíritos? Melhor seria para
eles se não tivessem nascido.
2 Quando
os segredos dos justos forem desvelados, então o castigo recairá sobre os
pecadores e os maus serão banidos da presença dos justos e dos escolhidos. A
partir daquele tempo, os senhores da terra deixarão de ser poderosos e grandes;
não mais poderão encarar os santos, porque o Senhor dos Espíritos fará brilhar
a sua luz na face dos santos, justos e escolhidos.
4 Então,
naquele tempo, os reis e os poderosos serão aniquilados e entregues nas mãos
dos justos e dos santos. A partir daquele momento, nenhum deles poderá pedir
perdão ao Senhor dos Espíritos, pois a sua vida terá chegado ao fim.
Capítulo
39
1
Naqueles dias descerão do alto dos céus Filhos eleitos e santos, e sua família
juntar-se-á aos filhos dos homens. E, naqueles dias, Enoque recebeu escritos da
ira e escritos do desespero e da perdição. "Não haverá misericórdia para
com eles", disse o Senhor dos Espíritos.
2
Naquele tempo, eu fui carregado da terra por um torvelinho de vento e
transportado aos confins do céu. Ali eu tive uma outra visão: a morada dos
justos e os lugares de repouso dos santos.
3 Ali eu
vi com os meus próprios olhos as suas moradas junto aos Anjos justos e seus
lugares de repouso junto aos Santos, e estes pediam, intercediam e rezavam
pelos filhos dos homens. A justiça fluía diante deles como a água, e a
misericórdia como o orvalho sobre a terra; e assim é a sua vida para todo o
sempre.
4
Naquele lugar os meus olhos viam o Eleito da Justiça e da Fidelidade; a Justiça
reina nos seus dias, e inumeráveis eleitos e justos estarão para sempre diante
d'Ele.
5 Eu vi
a sua morada sob as asas do Senhor dos Espíritos. Todos os justos e eleitos
brilham diante d'Ele como a claridade do fogo; a sua boca é cheia de palavras
de bênção; os seus lábios louvam o Nome do Senhor dos Espíritos, e a Justiça
nunca mais cessará diante d'Ele (Messias).
6 Ali eu
desejei permanecer, e a minha alma suspirou por aquela morada. Ali já foi
outrora a minha herança; pois assim fora decidido a meu respeito diante do
Senhor dos Espíritos.
7
Naqueles dias, eu glorifiquei e exaltei o Nome do Senhor dos Espíritos com
palavras benditas e cânticos de louvor, por ter sido escolhido por Ele para a
missão de O exaltar e bendizer, segundo o beneplácito do Senhor dos Espíritos.
8 Os
meus olhos contemplaram por longo tempo aquele lugar, e eu O exaltei e
glorifiquei com as seguintes palavras: "Bendito e louvado seja Ele desde o
princípio e por toda a eternidade". Diante d'Ele tudo persiste. Ele sabe o
que é o mundo, desde antes que este fosse criado, e conhece o que vai acontecer
de geração em geração.
9 A Ti
louvam Aqueles que nunca dormem; eles estão diante de tua Majestade, e Te
glorificam, celebram e exaltam com as palavras: "Santo, Santo, Santo é o
Senhor dos Espíritos; Ele preenche a terra de espíritos".
10 E ali
os meus olhos viram como todos Aqueles que não dormem prostram-se na sua
presença, louvam e dizem: "Glorificado sejas Tu e bendito seja o nome do
Senhor por toda a eternidade!"
11 Então
voltei o meu rosto, pois eu não conseguia mais olhar.
Capítulo
40
Os
quatro Anjos
1 Depois
disso eu vi, prostrados diante do Senhor dos Espíritos, mil vezes mil, dez mil
vezes dez mil, uma multidão inumerável e incalculável. Eu vi e observei quatro
rostos, nos quatro lados do Senhor dos Espíritos; estes eram diferentes
d'Aqueles que nunca dormem. Tomei conhecimento dos seus nomes, pois foram-me
comunicados pelo Anjo que estava comigo e que me mostrava todas as coisas
ocultas.
2 Eu
escutei a voz daqueles quatro rostos, ao proferirem cantos de louvor diante do
Senhor da Glória.
3 A
primeira voz louvava sem cessar o Senhor dos Espíritos.
4 A
segunda voz, segundo eu ouvia, louvava o Eleito, bem como os eleitos que se
conservavam junto ao Senhor dos Espíritos.
5 A
terceira voz, segundo escutei, rezava e pedia pelos habitantes da terra,
intercedendo por eles em nome do Senhor dos Espíritos.
6 A
quarta voz, segundo eu ouvia, afastava os demônios, não lhes permitindo o
acesso diante do Senhor dos Espíritos para acusar os habitantes da terra.
7 Então
eu falei ao Anjo da Paz, que ia comigo e me mostrava todas as coisas ocultas,
perguntando-lhe: "Quem são esses quatro rostos que eu vi e cujas palavras
escutei e anotei?"
8 Ele
respondeu-me: "O primeiro é Miguel, o Compassivo e Paciente; o segundo, o
que cuida de todas as doenças e feridas dos filhos dos homens, é Raphael; o
terceiro, o que preside a todas as Forças, é Gabriel; e o quarto, que preside à
penitência e à esperança dos herdeiros da vida eterna, é Phanuel".
9 Estes
são os quatro Anjos do Senhor dos Espíritos e as quatro vozes por mim ouvidas
naqueles dias.
Capítulo
41
Segredos
astronômicos
1 Depois
disso, eu vi todos os segredos do céu e como o Reino será dividido, e como as
ações dos homens serão pesadas na balança. Lá eu vi as moradas dos eleitos bem
como a dos Santos. Meus olhos viram como de lá serão expulsos todos os
pecadores que renegaram o Nome do Senhor e como serão arrastados para fora. Lá
não poderão ficar, em virtude do castigo que lhes foi imposto pelo Rei dos
Espíritos.
2 Lá os
meus olhos viram também o segredo dos raios e dos trovões, os segredos dos
ventos, e de como eles se distribuem nos seus sopros sobre a terra, bem como os
segredos das nuvens e do orvalho. Lá eu vi de que lugares eles procedem e como
aplacam a sede da terra. Lá eu vi as câmaras fechadas de onde se origina a
distribuição dos ventos, a câmara do granizo e a câmara da neblina, bem como a
nuvem que desde os tempos antigos paira sobre a terra.
3 Eu vi
as câmaras do sol e da lua, e de onde eles saem e para onde voltam, o seu
retorno magnífico, e como um tem precedência sobre a outra, a sua rota
admirável, e como não transgridem o seu curso, não o aumentando nem diminuindo,
e como guardam entre si a fidelidade e o juramento pelo qual se comprometeram.
4
Primeiramente avança o sol e segue o seu curso obedecendo à ordem do Senhor dos
Espíritos; e grande é o seu Nome para sempre. Depois eu vi o caminho oculto e o
caminho visível da lua, que naquelas paragens segue o seu curso tanto de dia
como de noite. Na presença do Senhor dos Espíritos, eles se colocam um atrás do
outro, agradecendo e louvando sem cessar; para eles o seu agradecimento é o
descanso.
5 Pois o
sol faz muitos giros, ou para a bênção ou para a maldição, e o caminho da lua é
luz para os justos, mas trevas para os pecadores, em nome do Senhor, que
separou a luz das trevas, dividiu os espíritos dos homens e fortaleceu os
espíritos dos justos em nome da sua Justiça.
6 Nem um
Anjo nem uma Potestade poderia impedir isso, pois foi Ele quem estabeleceu para
eles todos um Juiz, que os julgará na sua presença.
Capítulo
42
A morada
da Sabedoria Divina
1 A
Sabedoria não encontrou lugar onde pudesse morar; então foi-lhe reservada uma
morada no céu. Depois a Sabedoria veio morar entre os filhos dos homens mas não
encontrou moradia. Assim, a Sabedoria voltou para o seu lugar e estabeleceu a
sua sede entre os Anjos.
2 Então
a iniqüidade saiu das suas câmaras. Ela encontrou aqueles que não deviam
procurá-la e baixou entre eles, como a chuva no deserto e o orvalho na terra
seca.
Capítulo
43
Segredos
astronômicos
1 Eu vi
também outros relâmpagos e as estrelas do céu; então eu percebi como Ele
chamava a todas pelo seu nome e como elas O escutavam. Então eu vi como elas
foram pesadas com uma balança justa, segundo a intensidade da sua luz; vi
também a profundidade dos seus espaços e o dia do seu aparecimento, e como a
sua órbita provocava raios. Eu vi como suas órbitas correspondiam ao número do
Anjo e como guardavam fidelidade entre si.
2
Perguntei então ao Anjo que ia comigo e que me mostrava os segredos: "Que
significam elas?"
3 Então
ele disse-me: "O Senhor dos Espíritos mostrou-te o seu significado
simbólico. Elas são os nomes daqueles santos que moram na terra e que crêem
constantemente no Nome do Senhor dos Espíritos".
Capítulo
44
Vi
também algo mais em relação aos relâmpagos, a forma como nascem das estrelas,
convertem-se em raios e não podem afastar-se dessa nova constituição.
Segunda
Alegoria
Capítulo
45
O Reino
do Messias
1 Esta é
a segunda alegoria. Ela trata daqueles que renegam o nome da morada dos Santos
e o Nome do Senhor dos Espíritos. "Eles não chegarão ao céu, mas também
não permanecerão sobre a terra. Tal será o destino dos pecadores que renegam o
Nome do Senhor dos Espíritos; para tanto, eles serão reservados para o Dia da
Dor e da Tribulação.
2 "Naquele
dia, o meu Eleito sentar-se-á sobre o Trono da Majestade, e, entre os seus
atos, procederá a uma seleção, e serão inumeráveis as moradas dos eleitos. O
espírito destes crescerá e florescerá quando, juntamente com aqueles que
invocaram o meu Santo Nome, olharem para o meu Eleito.
3
"Então eu deixarei que o meu Eleito habite entre eles e transformarei o
céu, convertendo-o em bênção e luz eternas. E transformarei a terra,
convertendo-a em bênção. Então deixarei o meu Eleito habitar sobre ela; mas aos
pecadores e malfeitores não será permitido o acesso a ela.
4
"Pois eu olhei para os meus justos, saciei-os de felicidade e coloquei-os
diante de mim; para os pecadores, porém, reservo o Julgamento, para que possa
eliminá-los da face da terra."
Capítulo
46
1 Lá eu
vi Aquele que possui uma cabeça de ancião, e esta era branca como a lã; e junto
dele havia um outro, cujo aspecto era de um homem, o seu rosto era cheio de
graça, semelhante ao de um Anjo Santo. Perguntei ao Anjo que me acompanhava, e
que me revelava todos os segredos, quem era aquele filho do homem, de onde
procedia, e por que estava com Aquele que tem uma cabeça grisalha.
2 Deu-me
como resposta: "Este é o Filho do Homem, o detentor da Justiça, que com
ela mora e que revela todos os tesouros secretos; pois Ele foi escolhido pelo
Senhor dos Espíritos, e o seu destino excede a tudo em retidão diante do Senhor
dos Espíritos, por toda a eternidade. Esse filho dos homens, que viste, faz os
reis e os poderosos se ergueram de suas camas e aos fortes abala nos seus
tronos; dissolve o comando dos fortes e tritura os dentes dos pecadores.
3
"Ele expulsa os reis dos seus tronos e dos seus reinos, porque eles não O
exaltam e louvam, nem reconhecem com agradecimento de onde lhes adveio a
realeza. Ele derruba a face dos fortes e enche-os de vergonha. A sua moradia se
converterá em trevas e sua sepultura estará cheia de vermes; jamais deverão
pensar em levantar-se de suas sepulturas, porque não exaltam o Nome do Senhor
dos Espíritos.
4
"E são eles que julgam as estrelas do céu e que erguem as suas mãos contra
o Altíssimo, que humilham a terra em que habitam e cujas obras revelam em tudo
a iniqüidade; o seu poder apóia-se na sua riqueza e a sua fé volta-se para os
deuses que eles criaram com suas próprias mãos; mas renegam o Nome do Senhor
dos Espíritos. Eles perseguem as casas das reuniões dos crentes que permanecem
fiéis ao Nome do Senhor dos Espíritos.
Capítulo
47
1
"Naqueles dias, porém, a oração e o sangue dos justos subirão da terra até
a presença do Senhor dos Espíritos. Naqueles dias, os Santos que moram no céu
rezam a uma só voz, suplicam, louvam, agradecem e glorificam o Nome do Senhor
dos Espíritos, pela oração e pelo sangue derramado dos justos, para que não
tenham vivido em vão diante do Senhor dos Espíritos, para que se cumpra neles o
Julgamento, mas que este não seja para eles uma sentença eterna."
2
Naqueles dias eu vi como o Ancião assentou-se sobre o trono da sua Majestade,
quando diante dele foram abertos os livros dos vivos, e como toda a sua corte,
que está no céu e O cerca, prostrou-se na sua presença.
3 O
coração dos Santos exultava de alegria porque foi trazido o número dos justos,
porque foi ouvida a sua oração e porque o seu sangue foi vingado diante do
Senhor dos Espíritos.
Capítulo
48
1
Naquele lugar, eu vi o poço da Justiça; ele era inesgotável, e ao seu redor
havia muitos poços de Sabedoria. Todos os que tinham sede bebiam deles e eram
saciados de sabedoria e moravam junto aos Justos, aos Santos e ao Eleito.
2 E,
naquela hora, o Filho do Homem era mencionado diante do Senhor dos Espíritos,e
o seu Nome era referido diante do Ancião. Antes que fossem criados o sol e os
signos, e antes que fossem feitas as estrelas do céu, o seu Nome era
pronunciado diante do Senhor dos Espíritos.
3 Ele
será um bordão para os justos, para que n'Ele possam apoiar-se e não cair; Ele
será a luz dos povos e a esperança dos aflitos. Todos os habitantes da terra
prostram-se aos seus pés; e adoram, glorificam, louvam e entoam hinos ao Senhor
dos Espíritos.
4 Para
esse propósito Ele foi escolhido e mantido oculto junto d'Ele, antes que o
mundo fosse criado; e Ele será para todo o sempre. E a Sabedoria do Senhor dos
Espíritos revelou-O aos Santos e aos Justos; pois Ele protege o destino dos
justos, pois estes odiaram e aborreceram este mundo de depravação, repudiando
todas as suas obras e caminhos, em nome do Senhor dos Espíritos. Em seu nome
eles serão salvos, e do seu beneplácito depende sua vida.
5
Naqueles dias, os reis da terra e os poderosos que possuem esta terra ficarão
com o semblante abatido por causa das obras das suas mãos; no dia da sua
angústia e privação não poderão salvar a alma.
6 Eu os
entregarei então nas mãos do meu Escolhido; eles arderão como palha ao fogo na
presença dos Justos e submergirão como o chumbo na água diante dos Santos, e
não se encontrará mais sinal deles.
7 No dia
da sua tribulação, estabelecer-se-á a paz sobre a terra; cairão na presença
deles e não mais poderão levantar-se. Ninguém então se apresentará para
tomá-los pela mão e reerguê-los, porque eles renegaram o Senhor dos Espíritos e
o seu Ungido. Louvado seja o Nome do Senhor dos Espíritos!
Capítulo
49
1 Pois a
Sabedoria derramou-se como água, e a sua Glória não cessará por toda a
eternidade. Pois Ele é poderoso em todos os mistérios da Justiça; e a injustiça
desaparecerá como uma sombra e não mais subsistirá. O Eleito está diante do
Senhor dos Espíritos, e a sua Glória permanece de eternidade em eternidade e o
seu Poder de geração em geração.
2 Nele
habita o espírito da Sabedoria, o espírito que dá o entendimento, o espírito da
compreensão e da fortaleza; nele se encerra o espírito daqueles que adormeceram
na Justiça.
3 Ele
porá à luz as coisas ocultas, e diante dele ninguém poderá apresentar uma
mentira, pois Ele está diante do Senhor dos Espíritos, escolhido por seu
beneplácito.
Capítulo
50
1
Naqueles dias acontecerá uma mudança para os santos e os escolhidos: a luz do
dia brilhará perenemente sobre eles, e a honra e a glória voltar-se-ão para os
santos.
2 No dia
da tribulação, acumular-se-á a desgraça sobre os pecadores, enquanto que os
justos triunfarão em nome do Senhor dos Espíritos; e Ele deixará que aqueles
presenciem isso, para que façam penitência e renunciem aos atos das suas mãos.
3
Nenhuma honra alcançarão através do Nome do Senhor dos Espíritos, todavia serão
salvos pelo seu Nome. E o Senhor dos Espíritos compadecer-se-á deles, pois
grande é a sua misericórdia.
4 Ele é
justo no seu julgamento, e diante da sua Glória nenhuma iniqüidade subsiste.
Aquele, porém, que no seu Julgamento não fizer penitência estará condenado.
"Desse momento em diante não mais me compadecerei deles", diz o
Senhor dos Espíritos.
Enoque (ou Enoch) – חנוך, Chanoch ou
Hanokh – é o nome dado a um dos personagens bíblicos mais peculiares e
misteriosos das Escrituras. Nasceu, segundo os escritos judeus, na sétima
geração depois de Adão, sendo filho de Jarede, e pai de Matusalém.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Enoque_(antepassado_de_No%C3%A9)
NOTA: Em verdade vos digo, que este texto a de ser lido não com os olhos da carne, mais sim com os do espirito, deve-se ler com inspiração, pois aquele que de modo diferente o fizer, mais lhe será a sua confusão. Aquele que confuso se fizer e boa vontade tiver em seu intendimento, que em busca da verdade saias, porque certamente esta lhe virá a seu encontro...