domingo, 21 de novembro de 2021

Livro de Enoque (3ª Parte)



            (2ª Parte) 

Terceira Parte - O Livro Astronômico            

            Capítulo 72

            O Sol

            1 Livro do curso das luminárias celestes, dos relacionamentos de cada uma segundo as suas classificações, do seu domínio e dos seus tempos, segundo o seu nome, lugar de origem e meses, que me foram mostrados pelo seu dirigente e meu acompanhante, o santo Anjo Uriel. Ele mostrou-me também como se comportam em regime constante as suas leis e períodos anuais, até que seja criada a nova ordem que haverá de durar eternamente.

            2 A primeira lei das luminárias é a seguinte: a luz do sol levanta-se nas portas do céu do Oriente e desce nas portas do céu do Ocidente. Eu vi seis portões por onde o sol se levanta, e seis por onde se põe; também a luz sobe e desce por aqueles portões, e da mesma forma fazem as estrelas-líderes e as suas lideradas; seis ao Leste e seis ao Oeste, e todas seguem em perfeita ordem umas em relação às outras. A direita e à esquerda daqueles portões há muitas janelas.

            3 Primeiro se apresenta a grande luminária, o sol; a sua forma esférica assemelha-se à do céu; ela está preenchida de fogo brilhante e calorífico. Os carros que o levam são conduzidos pelo vento. Ao descer, o sol desaparece do céu e volta ao Oriente pelo Norte, sendo conduzido de tal sorte a chegar àquele portão determinado, para então voltar a brilhar no céu.

            4 Dessa forma, no primeiro mês ele sai pelo portão grande; é o quarto dos seis portões do Oriente. Naquele quarto portão, por onde o sol se levanta no primeiro mês, encontram-se doze aberturas de janelas, por onde sai uma chama de fogo, quando a seu tempo forem abertas.

            5 Ao levantar-se o sol no céu, ele sai pelo quarto portão durante o período de trinta manhãs e dirige-se diretamente ao quarto portão celeste ocidental, para nele desaparecer. Naqueles dias as jornadas são mais longas e as noites mais curtas, até à trigésima manhã.

            6 Nesse dia, a jornada é duas partes mais longa do que a noite, contendo o dia exatamente dez partes, e a noite, oito. O sol, portanto, sobe por aquele quarto portão, e pelo quarto desce; depois disso, ele passa para o quinto portão oriental, pelo período de trinta manhãs; por esse portão se levanta e pelo quinto portão desce.

            7 Então o dia fica duas partes mais longo, comportando onze partes; a noite, porém, fica mais curta, comportando sete partes. Após isso, no seu retorno ao Oriente, o sol chega ao sexto portão; por esse sexto portão se levanta e se põe, pelo período de trinta e um dias, por causa do seu sinal (solstício do verão).

            8 Naquele dia, a jornada será mais longa do que a noite, e o dia comporta o dobro da noite; ele compõe-se então de doze partes, e a noite fica mais curta, compondo-se de seis partes.

            9 O sol então prossegue, fazendo com que o dia seja mais curto e a noite mais longa; quando volta ao Oriente, ele entra no sexto portão, e por ele sobe e desce, pelo período de trinta manhãs. Passadas as trinta manhãs, o dia perde exatamente uma das suas partes, comportando então onze partes, e a noite, sete.

            10 Após isso, o sol sai daquele sexto portão do Ocidente, volta ao Oriente e entra pelo quinto portão, pelo período de trinta manhãs, e pelo quinto portão desce no Ocidente. Naquele dia, a jornada perde duas de suas partes; o dia então abrange dez partes e a noite, oito.

            11 Assim, o sol sai pelo quinto portão e entra pelo quinto portão ocidental; depois disso ele sai pelo quarto portão pelo período de trinta e um dias, por causa do sinal, e desce no Ocidente. Naquele dia, a jornada é igual à noite; tem a mesma duração, comportando a noite nove partes, e o dia, outro tanto.

            12 Assim o sol se levanta daquele portão e desce no Ocidente; depois ele volta ao Oriente, para sair do terceiro portão pelo período de trinta manhãs, descendo no terceiro portão ocidental.

            13 Naquele dia, a noite será mais longa do que o dia, sendo mais longa do que as noites usuais, e a jornada mais curta do que as jornadas habituais; e isso até à trigésima manhã, comportando então a noite exatamente dez partes, e o dia, oito.

            14 Dessa forma, o sol se levanta do terceiro portão, desce no terceiro ocidental e toma ao Oriente; depois disso, ele passa a aparecer pelo segundo portão oriental, durante trinta manhãs, e desce igualmente no segundo portão celeste ocidental. Nesse dia, a noite terá onze partes, e o dia, sete.

            15 Nesse dia, o sol se levanta pelo segundo portão, e no segundo ocidental se põe; depois toma ao Oriente, voltando ao primeiro portão pelo espaço de trinta e um dias, e descendo no primeiro portão ocidental. Nesse dia, a noite será mais longa e comporta o dobro do dia; ela envolve exatamente doze partes, e o dia, seis.

            16 O sol terá então completado o seu período principal, e nesse momento inicia o retomo sobre o mesmo período; pelo espaço de trinta manhãs ele aparece por aquele portão e desce igualmente no Ocidente, no que lhe está defronte. Nesse dia, a duração da noite será uma parte mais curta, comportando onze partes, e o dia, sete.

            17 O sol, então, no seu retomo, chega ao segundo portão oriental, fazendo o caminho de volta do seu período; por esse portão sobe e desce durante trinta dias. Nesse dia, a noite terá duração mais curta; comportará dez partes, e o dia, oito.

            18 Nesse dia o sol aparecerá pelo segundo portão e descerá pelo portão ocidental correspondente. Então volta ao Oriente, para aparecer pelo terceiro portão, pelo espaço de trinta e um dias, descendo no céu ocidental correspondente.

            19 Nesse dia, a noite estará diminuída, comportando nove partes; e o dia e a noite terão igual duração. Dessa forma, o ano comporta exatamente 364 dias.

            20 O comprimento do dia e da noite, bem como a brevidade do dia e da noite são determinados na sua diferenciação pelo percurso do sol. Por isso, o seu curso diário fica a cada noite mais curto.

            21 E esta a lei, e este é o percurso do sol e o seu retomo. Por sessenta vezes ele volta, para de novo aparecer; e ele é o grande luminar, por todos os tempos.

            22 Esse que assim surge é o grande luminar, e assim se chama por causa da sua aparência, por determinação do Senhor. Assim como se levanta, assim também desce; ele não diminui nem descansa, mas caminha dia e noite, e a sua luz é sete vezes mais brilhante do que a da lua. Em tamanho, porém, ambos são iguais.

 

            Capítulo 73

            A Lua

            1 Depois dessa lei, eu vi outra, referente ao luminar pequeno, que é a lua. O alcance do seu giro é equivalente ao do céu; o carro sobre o qual ela anda é conduzido pelo vento e a luz lhe é proporcionada segundo medidas.

            2 A cada mês alteram-se seu nascimento e seu ocaso; seus dias são semelhantes ao dias solares, e quando sua lua é uniforme, comporta uma sétima parte da luz do sol.

            3 E assim que ela se apresenta: sua primeira fase aparece no Oriente na trigésima manhã; nesse dia ela fica visível, e assim começa para vós a primeira fase da lua, no trigésimo dia, aparecendo juntamente com o sol, pelo mesmo portão.

            4 Ela mostra então uma sétima parte de uma das suas metades, e todo o restante do seu disco é vazio e sem luz, à exceção de um sétimo e um quarto de sétimo da metade da sua luz.

            5 Quando ela recebe um sétimo da metade da sua luz. então a sua luminosidade comporta um sétimo e a metade de um sétimo. Ela se põe juntamente com o sol; e quando o sol se levanta, levanta-se também a luz, e recebe a metade de uma das partes da luz. E naquela noite, no início da sua manhã no princípio do seu período, ela põe-se juntamente com o sol, e na mesma noite ela fica invisível nas quatorze partes e metade de uma.

            6 Naqueles dias, ela brilha com um sétimo do seu todo, levanta, principia a afastar-se do sol e nos dias restantes deixa brilharem as outras treze partes.

 

            Capítulo 74

            1 Então eu vi também um outro movimento e sua lei, pelo qual ela cumpre o seu ciclo mensal. O santo Anjo Uriel, que preside a todas as luminárias, mostrou-me tudo, e eu anotei as suas posições da forma como ele me explicava; anotei também os seus meses, da forma como eram, e as manifestações da sua luz, no decurso de quinze dias.

            2 A cada dia dos sete primeiros ela cresce, até tornar-se plena a sua luz; e a cada dia dos sete seguintes ela míngua, até tornar-se completamente invisível no Ocidente. Em determinados meses, ela altera o seu ocaso, e em determinados meses percorre o seu curso próprio.

            3 Em dois meses a lua desce com o sol nos dois portões do meio, o terceiro e o quarto. Durante sete dias ela se levanta, para retomar àquele portão em que nasce o sol; a sua luz então estará cheia. Vagarosamente ela retrocede em relação ao sol, e chega no oitavo dia ao sexto portão, por onde se levanta o sol.

            4 Quando o sol está nascendo no quarto portão, a lua se levanta por sete dias, até chegar a sair pelo quinto portão; depois, em sete dias, volta ao quarto portão, faz a sua luz cheia, e então ela volta e no decurso de oito dias estará no primeiro portão.

            5 Em sete dias estará mais uma vez de volta ao quarto portão, por onde sai o sol. Assim, observei suas posições e a forma como nesses dias a lua nasce e o sol se põe. Juntando-se cinco anos, o sol terá, em virtude daqueles ciclos, uma vantagem de trinta dias. Os dias todos, contados os que se acrescentam aos dias plenos, perfazem 364 dias.

            6 A vantagem do sol e das estrelas é de seis dias; em cinco anos, com seis dias cada um, serão trinta dias; em relação ao sol e às estrelas, a lua se atrasa trinta dias.

            7 O sol e as estrelas são todos os anos a tal ponto exatos que em nenhum dia se adiantam ou se atrasam nas suas posições; ao contrário, todos eles perfazem o ciclo anual em precisamente 364 dias. Em três anos, serão 1.092 dias; em cinco anos, 1.820 dias e em oito anos, 2.912 dias.

            8 Quanto à lua, três anos perfazem 1.062 dias e em cinco anos leva um atraso de cinqüenta dias, isto é, à soma de 1.770 devem ser acrescentados 1.000 mais 62 dias. Pois em oito anos ela se atrasa oitenta dias; são oitenta os dias todos do seu atraso em oito anos.

            9 O ano completa-se corretamente segundo as estações do mundo e segundo as estações do sol, as quais têm sua origem nos portões por onde o sol nasce e se põe pelo espaço de trinta dias.

 

            Capítulo 75

            Dias bissextos, as estrelas e a lua

            1 Os comandantes dos Quiliarcos, que foram estabelecidos sobre toda a criação e sobre todas as estrelas, têm igualmente a ver com os quatro dias bissextos; pela sua função, eles estão intimamente ligados à contagem do ano. Eles exercem a sua influência nos quatro dias que devem ser acrescidos no cômputo do ano.

            2 E por causa deles que os homens erram nos cálculos. Eles cumprem a sua função exata nas estações do ano, um no primeiro portão, outro no terceiro, outro no quarto e outro no sexto, e a precisão do ano realiza-se por meio das 364 estações do mundo.

            3 Pois o Anjo Uriel mostrou-me os sinais e os tempos, os anos e os dias. Isso foi estabelecido pelo Senhor da Glória, para sempre, sobre todas as luminárias celestes, tanto no céu como no mundo, para que dominem no céu e sejam vistas na terra, e para que presidam o dia e a noite, o sol, a lua e as estrelas, bem como todos os outros corpos subalternos, que em todos os possíveis carros celestes realizam o seu circuito.

            4 Uriel mostrou-me igualmente doze aberturas de portas, circundando o carro celeste do sol, e por onde saem os raios solares; delas procede ao calor sobre a terra, quando abertas no seu tempo preestabelecido. Mostrou-me também os ventos e o espírito do orvalho, quando são soltos e se espalham nos confins do céu.

            5 No alto do céu, nos extremos do mundo, eu vi doze portões, por onde saem o sol, a lua, as estrelas e todos os outros corpos celestes, tanto no Oriente como no Ocidente. A direita e à esquerda dessas portas há muitas aberturas de janelas; e uma janela produz calor no seu devido tempo, de acordo com as portas por onde saem as estrelas, da forma como Ele ordenou, e por onde, conforme seu número, desaparecem.

            6 Eu vi no céu carros que se movimentam por sobre aqueles portões, transportando aquelas estrelas que não desaparecem jamais. E uma delas é maior do que todas as outras, abrangendo o mundo todo.

 

            Capítulo 76

            A Rosa dos Ventos

            1 Nos confins do mundo, eu vi doze portas que se abriam em todas as direções; delas procedem os ventos que sopram sobre a terra. Três delas abrem-se pelo lado da frente do céu, três para o Ocidente, três para a direita do céu e três para a sua esquerda.

            2 As três primeiras voltam-se para o Oriente, três para o Norte, três à esquerda para o Sul e três para o Ocidente. De quatro delas procedem ventos de bênção e de prosperidade e das oito restantes, ventos perniciosos; quando estes são mandados, provocam devastações sobre toda a terra, sobre suas águas e todos os seus habitantes, sobre todas as coisas que se encontram na água e em terra firme.

            3 O primeiro vento dessas portas chama-se vento leste e procede da primeira porta oriental que se inclina para o Sul; dele provêm a devastação, a seca, o calor e a destruição. Da segunda porta do meio procede um vento favorável; ele traz a chuva e a fertilidade, o bem-estar e o orvalho. Da terceira porta norte procedem o frio e a secura.

            4 Depois, através de três portas, vêm os ventos do Sul; em primeiro lugar, pela primeira porta voltada para o Leste, sopra um vento quente. Através da vizinha porta do meio procedem os bons aromas, o orvalho, a chuva, o bem-estar e a saúde. Da terceira porta, voltada para o Oeste, procedem o orvalho, a chuva, os gafanhotos e a destruição.

            5 Depois vêm os ventos do Norte; da sétima porta, voltada para o Leste, chegam o orvalho, a chuva, os gafanhotos e a destruição. Da porta situada exatamente no meio procedem a chuva, o orvalho, a saúde e o bem-estar. Pela terceira porta, voltada para o Oeste, vêm a neblina, a geada, a neve, o orvalho e os gafanhotos.

            7 Em seguida vêm os ventos do Oeste; pela primeira porta, voltada para o Norte, chegam o orvalho, a chuva, a geada, o frio, a neve e as friagens. Da porta do meio procedem o orvalho, a chuva, a prosperidade e a bênção; da última porta, voltada para o Sul, vêm a seca, a devastação, os incêndios e a destruição.

            8 Estas são as doze portas dos quatro quadrantes celestes; mostrei-te, meu filho Matusalém, todas as suas leis, pragas e benefícios.

 

            Capítulo 77

            Os quatro quadrantes celestes

            1 A primeira região celeste chama-se Oriente, por ser a da parte frontal. A segunda é o Sul, porque lá descerá o Altíssimo; lá, especialmente, é que se apresenta o eternamente Louvado. O Ocidente designa-se como subtração, pois lá todas as luminárias do céu diminuem e desaparecem.

            2 A quarta região chama-se Norte e divide-se em três partes. A primeira serve aos homens como lugar de sua habitação; a segunda.. compreende os mares de água, os vales, as matas, os rios, as sombras e a neblina; a terceira constitui o Jardim da Justiça.

            3 Eu vi sete montanhas altas, maiores do que todas as demais da terra; delas procede a geada, e por elas diminuem os dias, os períodos e os anos. Eu vi sete rios, que eram maiores do que os outros da terra; um deles, a partir do Ocidente, derramava as suas águas no grande mar.

            4 Dois deles procedem do Norte, em direção ao mar, e derramam suas águas no mar da Eritréia, ao Leste. Os quatro restantes procedem do lado Norte e fluem para o seu mar próprio; dois no mar da Eritréia e dois no grande mar; diz-se também: no Deserto. Eu vi sete ilhas grandes, no mar e na terra firme; duas em terra e cinco no grande mar.

 

            Capítulo 78

            As fases da lua

            1 Os nomes do sol são os seguintes: o primeiro é Orjares e o segundo, Tomás. A lua tem quatro nomes: o primeiro é Asonja, o segundo Ebla, o terceiro, Benase e o quarto, Erae. Esses são os dois grandes luminares; a sua abrangência equivale à do céu, e o tamanho de ambos é o mesmo.

            2 No globo solar existem sete partes de luz; elas superam a luz da lua, que, segundo medida exata, comporta apenas uma sétima parte da luz do sol. Ao descerem, o sol e a lua chegam aos portões do Ocidente, fazem o caminho de volta pelo Norte, para de novo nascerem nos céus pelos portões do Oriente.

            3 Quando a lua aparece, apresenta-se no céu com a décima quarta parte da sua luz; mas em quatorze dias será lua cheia. Atribuem-se-lhe também quinze partes, de sorte que a sua luz é plena também no décimo quinto dia, por causa do sinal do ano. Assim, ela assume quinze partes, quando então se toma lua cheia, com um décimo quarto de acréscimo.

            4 Ao diminuir, ela perde no primeiro dia a décima quarta parte da sua luz, no segundo, a décima terceira, no terceiro, a duodécima, no quarto, a undécima, no quinto, a décima, no sexto, a nona, no sétimo, a oitava, no oitavo, a sétima, no nono, a sexta, no décimo, a quinta, no undécimo, a quarta, no duodécimo, a terceira, no décimo terceiro, a segunda, no décimo quarto, um décimo de quarto de toda a sua luz, e no décimo quinto desaparece toda a sua luz restante. Em certos meses, a lua tem 29 dias, e uma vez 28 dias.

            5 Então Uriel mostrou-me uma lei relativa, referente à lua quando banhada pela luz, e de que parte lhe vem a luz solar. Durante todo o tempo em que a lua cresce em sua luz, ela aumenta, estando por quatorze dias de frente para o sol, até tomar-se plena a sua luminosidade no céu. No primeiro dia ela se chama lua nova, pois nesse dia a luz começa a projetar-se nela.

            6 Toma-se lua cheia exatamente no dia em que o sol desce no Ocidente; quando já escuro, ela nasce e brilha durante toda a noite, até que o sol se levante, de frente para ela, e ela é vista de frente para o sol. Pelo lado em que a luz da lua avança, pelo mesmo lado também começa a diminuir, até desaparecer toda a sua luz, ao final de todos os dias do mês, e seu disco se tomar vazio e desprovido de luz.

            7 Em três dos seus meses, a lua tem trinta dias e, em época determinada, há três meses de vinte e nove dias, nos quais efetua a sua diminuição no primeiro período, exatamente no primeiro portão, comportando isso 177 dias. No período do seu decréscimo, em três meses brilha trinta dias, e em três meses, 29 dias. De noite, ela aparece por uns vinte dias como um homem; de dia, ela se assemelha ao céu, pois nela não há nada além da sua luz.

 

            Capítulo 79

            1 E assim, meu filho Matusalém, eu te mostrei tudo, e a descrição das leis dos corpos celestes chegou ao fim. Ele revelou-me todas as suas leis relativas a cada dia, a cada período de dominação, a cada ano com o seu término, bem como a ordem preestabelecida para cada mês e para cada semana; e a par disso o minguar da lua, que ocorre no sexto portão, pois nesse portão a sua luz é cheia, começando em seguida o seu decréscimo.

            2 O declínio, que a seu tempo começa no primeiro portão, tem a duração de 177 dias, calculados em 25 semanas e dois dias. Ela se atrasa em relação ao sol e à ordem das estrelas exatamente cinco dias a cada período, quando bem medido esse espaço, como vês. Essa é a imagem e o retrato de cada um dos corpos luminosos como foi-me mostrado pelo seu dirigente, o Arcanjo Uriel.

 

            Capítulo 80

            A influência sobre a natureza

            1 Naqueles dias, falou-me o Anjo: "Eu te mostrei tudo, Enoque, e tudo te revelei para que pudesses contemplar esse sol e essa lua, bem como as constelações dirigentes das estrelas do céu, e todas as que as fazem girar, suas funções, seus tempos e seus ocasos.

            2 "Nos dias do pecado, os anos ficarão mais curtos; as sementeiras atrasar-se-ão nas terras e nos campos; todas as coisas alterar-se-ão sobre a terra, e não acontecerão mais no seu devido tempo; a chuva desaparecerá e o céu se fechará.

            3 "Naqueles dias tardarão os frutos da terra, não se desenvolvendo a seu tempo; igualmente as frutas das árvores sofrerão atraso no seu tempo. A luz alterará a sua ordem, deixando de aparecer com sua regularidade. Naqueles dias, ver-se-á o sol da tarde andando no último grande carro em direção ao Ocidente e brilhando mais forte do que normalmente.

            4 "Muitas estrelas-líderes transgredirão a ordem, alterarão os seus cursos e funções, não mais aparecendo no seu tempo predeterminado. Toda a ordem das estrelas será obstruída pelos pecadores, e os pensamentos dos habitantes da terra incorrerão em erro por causa deles; desertarão de todos os seus caminhos; ficarão totalmente perdidos e considerarão os pecadores como deuses.

            5 "Recrudescerá a sua desgraça e sobrevirão pragas que a todos haverão de destruir."

 

            Capítulo 81

            Fim das viagens de Enoque

            1 Ele falou-me: "Observa, Enoque, estas tabelas celestes! Lê o que nelas está escrito e atenta para cada detalhe!" Então eu contemplei as tabelas celestes, observando tudo o que nelas continha; e li o livro sobre as ações dos homens e de todos os filhos da carne que estarão sobre a terra até a última geração.

            2 A seguir, louvei o grande Senhor, o Rei Eterno da Glória, por ter Ele criado todas as maravilhas do mundo. Dei glórias também ao Senhor por sua magnanimidade e por causa dos filhos dos homens. Então eu disse: "Feliz o homem que morre na retidão e no bem, e sobre o qual não foi escrito nenhum livro de injustiça, e contra o qual não foi marcado um dia de julgamento".

            3 Então aqueles sete Santos tomaram-me e colocaram-me sobre a terra, diante das portas da minha casa, dizendo as seguintes palavras: "Anuncia tudo ao teu filho Matusalém e mostra a todos os teus filhos que diante do Senhor nenhuma carne tem merecimento, pois é Ele o seu Criador!

            4 "Deixar-te-emos ficar ainda um ano junto dos teus filhos, até que tenhas transmitido as tuas últimas instruções; deverás ensiná-las aos teus filhos, escrevê-las para eles, para a todos confirmar. No segundo ano serás retirado do seu meio. Que seja forte o teu coração! Pois os bons anunciarão a Justiça aos bons; o justo alegrar-se-á com o justo, e mutuamente felicitar-se-ão.

            5 "Os pecadores, porém, ficarão com os pecadores, e os desertores perder-se-ão com os desertores. Aqueles que praticam a Justiça morrerão por causa das obras dos homens e serão levados por causa dos atos dos ímpios. Naqueles dias eles encerrarão suas palavras comigo, e eu chegarei junto do meu povo e louvarei o Senhor do mundo."

 

            Capítulo 82

            Fim do Livro Astronômico

            1 Portanto, meu filho Matusalém, relatei-te tudo isso e tudo escrevi para teu uso; revelei tudo e passei às tuas mãos os livros contendo todas essas coisas. Meu filho Matusalém! Guarda os livros recebidos do teu pai e transmite-os às gerações do mundo! Eu transmiti a sabedoria a ti e ao teu filho, bem como aos teus demais descendentes, para que eles a transmitam aos seus filhos por todos os tempos; e essa sabedoria supera os seus pensamentos.

            2 Mas aqueles que a entendem não dormirão e terão ouvidos atentos para compreender tal sabedoria, e ela será, para os que a desfrutarem, mais deliciosa que todas as iguarias.

            3 Felizes são todos os justos; abençoados todos aqueles que andam nas sendas da Justiça e não pecam, como fazem os pecadores em todos os dias da sua vida, enquanto o sol caminha no céu, nasce e se põe nos portões durante trinta dias, com os quiliarcos da ordem estelar, incluídos os quatro dias que se intercalam e que dividem os quatro períodos do ano; esses dias comandam os períodos e integram-nos pelo tempo de quatro dias.

            4 E por causa deles que os homens erram ao não incluí-los no cômputo total do ano; sim, os homens enganam-se por causa deles, por não os conhecerem com exatidão. Eles pertencem à contagem do ano e estão fielmente consignados para sempre, um no primeiro portão, outro no terceiro, outro no quarto, e o último, no sexto; assim o ano se completa em 364 dias.

            5 O relato acima é fiel, e a conta apresentada é exata, pois Uriel mostrou-me e revelou-me o curso dos astros, os meses, os períodos dominantes, os anos e os dias, pois, segundo me foi dado saber, o Senhor de toda a criação concedeu-lhe o poder sobre as legiões celestes. Ele exerce o comando sobre a noite e sobre o dia, nos céus, para que o sol, a lua e as estrelas, e todas as potências celestes que giram ao seu redor, derramem a sua luz sobre os homens.

            6 Essa é a ordenação dos astros que, nos seus devidos lugares, tempos, predomínios e meses descem no Ocidente. Vêm a seguir os nomes dos seus líderes, que velam por eles para que a seu tempo cumpram os seus regulamentos, tempos, meses, períodos de apogeu e estações.

            7 Primeiro entram os quatro dirigentes que dividem as quatro estações do ano; em seguida vêm os doze dirigentes que repartem os meses, sendo os quiliarcos responsáveis pela divisão de 360 dias. Os dirigentes das quatro estações são os responsáveis pelos quatro dias bissextos.

            8 Os quiliarcos inserem-se entre um dirigente e outro, cada um atrás de uma estação; mas são os seus dirigentes que realizam a divisão. Estes são os nomes dos dirigentes que repartem o ano em quatro períodos: Milkiel, Helemmelek, Melejal e Narel. Os nomes dos que são por eles comandados são: Adnarel, Ijasusael e Elomeel; esses três seguem os taxiarcos, e estes os toparcos, que dividem as quatro estações do ano.

            9 No princípio do ano apresenta-se antes de todos Melkejal, e é ele quem assume o comando; ele se chama também Tamaani e Sol; os dias em que ele predomina, e dirige, são ao todo 91. E são os seguintes os sinais do dia que se mostram durante seu predomínio sobre a terra: suor, calor e ânsia. Todas as plantas carregam seus frutos e todas as árvores estão cobertas de folhas; é o tempo da colheita do trigo e do florir das rosas. Todas as flores desabrocham no campo; mas as plantas de inverno fenecem.

            10 Os nomes dos seus subordinados são os seguintes: Berkael, Zelebseel e um outro que foi acrescentado aos quiliarcos e se chama Hilujaseph. E assim se encerram os dias de predomínio desses dirigentes. O próximo dirigente, após eles, é Helemmelek, que também se denomina Sol Brilhante e cujo período de esplendor perfaz ao todo 91 dias.

            11 Os seus sinais sobre a terra são os seguinte: calor intenso e secura. As plantas amadurecem os seus frutos e deixam-nos cair rapidamente; as ovelhas cruzam e ficam prenhes; todos os frutos da terra são recolhidos, assim como tudo o que cresce nos campos; e também o vinho é guardado. E isso o que acontece nos dias do seu predomínio.

            12 Os nomes e a ordem dos dirigentes dos quiliarcos: Gidaijal, Keel e Heel, e o nome do quiliarco que a eles se junta é Asphael. E com isso encerram-se os dias do seu predomínio.

            (1ª Parte)

            Enoque (ou Enoch) – חנוך, Chanoch ou Hanokh – é o nome dado a um dos personagens bíblicos mais peculiares e misteriosos das Escrituras. Nasceu, segundo os escritos judeus, na sétima geração depois de Adão, sendo filho de Jarede, e pai de Matusalém.

             Enoque é o assunto de muitas tradições judaicas e cristãs. Ele foi considerado o autor do Livro de Enoque e também chamou Enoque de escriba do julgamento.

             De acordo com a tradição escrita hebraica denominada Tanakh, relatada em Gênesis, capítulo 5, versos 22-24, Enoque teria sido tomado por Deus para que não experimentasse a morte e na certa fosse poupado da ira do dilúvio:

             “E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.”

             Há dois aspectos extraordinários no relato de Enoque, enfocados nesses versículos, que não foram enfocados em outras gerações: as indicações do texto de que ele “andou com Deus” e o fato que, supostamente, ele não teria morrido, pois “Deus para si o tomou”. Estes relatos foram a origem de muitas fábulas e midrashim (estudos rabínicos mais aprofundados) de sábios judeus ao longo de séculos. Muitos deles se incomodaram muito pelo fato que Enoque "só" vivera 365 anos, uma curta duração de vida para sua época, de acordo com o livro de Gênesis.

             Sobre este personagem bíblico existem também os livros apócrifos pseudoepígrafos: “Livro de Enoque I” e o “Livro de Enoque II", que fazem parte do cânone de alguns grupos religiosos, principalmente dos cristãos da Etiópia”, mas que foram rejeitados pelos cristãos, por não terem sido inspirados pelo Espírito Santo e pelos hebreus, por serem particularmente incômodos do ponto de vista político. Todavia, a epístola de Judas, no Novo Testamento bíblico, faz uma menção expressa ao Livro de Enoque, fazendo uma breve citação nos versos 14 e 15 de seu único capítulo. De acordo com O Livro de Enoque: com estudo comparativo das principais traduções, existem vários livros atribuídos a Enoque, sendo três os mais conhecidos: O Livro de Enoque (ou Enoque etíope ou Enoch 1), O Segundo Livro de Enoque (ou Enoque Eslavônico) e O Terceiro Livro de Enoque (ou Enoque hebraico). O mais conhecido é o primeiro deles, que está incluído na bíblia etíope, é considerado autêntico pelos judeus da Etiópia e era considerado autêntico pelos judeus até cerca do ano 200, tendo feito parte do corpus bíblico hebraico até essa época e tendo sido removido por um rabino, por diversas razões, inclusive políticas. Cerca de 200 anos mais tarde, São Jerônimo, encarregado de criar a bíblia cristã, se baseou no princípio "verdade hebraica", que significava que os livros considerados autênticos pelos judeus (do Antigo Testamento) eram autênticos. Por essa razão, o Livro de Enoque caiu no esquecimento no Ocidente, até ser reencontrado mais de mil anos depois. O Livro de Enoque (Enoch 1) foi traduzido e publicado no Brasil pela primeira vez em 1982. O Livro de Enoch é extremamente polêmico, por abordar questões sexuais e raciais. Uma das polêmicas é a dos anjos caídos que desceram dos céus para ter relações sexuais com mulheres que consideraram atraentes e geraram gigantes que destruía a Terra. Outra polêmica é que de acordo com uma passagem, Adão e Eva tiveram filhos negros e Adão era branco, o que indica que Eva era negra.

             De acordo com o relato contido em Gênesis sobre a idade dos patriarcas, Sete e seus filhos ainda viviam quando Enoque foi tomado por Deus, bem como Matusalém e Lameque.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Enoque_(antepassado_de_No%C3%A9)

NOTA: Em verdade vos digo, que este texto a de ser lido não com os olhos da carne, mais sim com os do espirito, deve-se ler com inspiração, pois aquele que de modo diferente o fizer, mais lhe será a sua confusão. Aquele que  confuso se fizer e boa vontade tiver em seu intendimento, que em busca da verdade saias, porque certamente esta lhe virá a seu encontro...

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Livro de Enoque (2ª Parte)

 


            (1ª Parte) 

            Capítulo 51

            A ressurreição dos mortos

            1 Naqueles dias, a terra devolverá aquilo que não pôde reter, e da mesma forma o mundo inferior dará de volta o que recebeu, e o inferno restituirá a sua culpa. Ele escolherá dentre eles os justos e os santos; pois está próximo o dia da sua libertação.

            2 Naqueles dias, o Eleito sentar-se-á sobre o seu trono, e de sua boca emanarão todos os segredos da Sabedoria e do conselho; pois isso lhe é outorgado pelo Senhor dos Espíritos, que também o exalta.

            3 Naqueles dias os montes saltarão como cabritos e os outeiros pularão como cordeirinhos saciados de leite, e a face dos Anjos no céu resplenderá de alegria. Pois naqueles dias reinará o Eleito, a terra se alegrará, os justos habitarão sobre ela e os escolhidos sobre ela passearão.

 

            Capítulo 52

            1 Depois daqueles dias, do lugar onde me foram dadas todas as visões sobre o que era oculto, fui arrebatado por um torvelinho de vento e transportado para o Ocidente. Lá os meus olhos viram todos os segredos do céu que ainda deverão acontecer; uma montanha de ferro, uma de cobre, uma de prata, uma de ouro, uma de metal doce e uma de chumbo.

            2 Perguntei ao Anjo que ia comigo: "Que coisas são essas que eu vi dentro daquilo que ainda está oculto?" Ele me disse: "Tudo o que viste servirá à glória do seu Ungido, para que Ele seja forte e poderoso".

            3 E aquele Anjo da paz deu-me em resposta: "Espera um pouco e ser-te-á desvelado todo o segredo que envolve o Senhor dos Espíritos! Aquelas montanhas que os teus olhos viram, a montanha de ferro, a de cobre, a de prata, a de ouro, a de metal doce e a de chumbo, todas elas, diante do Eleito, serão como a cera diante do fogo e como a água que escorre do alto daquelas montanhas; aos seus pés, elas enfraquecerão.

            4 "Naqueles dias, ninguém poderá salvar-se, seja pelo ouro, seja pela prata; ninguém poderá escapar. Então não haverá mais ferro para a guerra, nem revestimentos para couraças; o bronze não valerá nada, nem o estanho terá qualquer utilidade ou apreço, e nenhuma procura terá o chumbo.

            5 "Todas essas coisas serão aniquiladas e eliminadas da terra, quando aparecer o Eleito do Senhor dos Espíritos."

 

            Capítulo 53

            1 Lá os meus olhos viram um vale profundo, com uma garganta aberta, e todos os que habitavam a terra firme, o mar e as ilhas traziam-lhe doações, presentes e sinais de homenagem; todavia, aquele vale não será preenchido por eles. As suas mãos praticam o crime e os pecadores devoram os que foram por eles maldosamente oprimidos. Mas os pecadores serão aniquilados pelo Senhor dos Espíritos e expulsos de sua terra, e estarão perdidos para sempre.

            2 Pois eu vi como os Anjos vingadores lá se demoravam, preparando toda sorte de instrumentos de tortura para Satã. Então perguntei ao Anjo da paz que ia comigo: "Para quem preparam eles esses instrumentos?"

            3 Ele respondeu-me: "Para os reis e poderosos deste mundo, para que sejam aniquilados. Então o Justo e Eleito fará com que resplandeça de novo a casa da sua comunidade; doravante, ela nunca mais será oprimida, em nome do Senhor dos Espíritos.

            4 "Diante da sua Justiça, aquelas montanhas não mais subsistirão como sendo a própria terra; os outeiros, por sua vez, tornar-se-ão como uma fonte de água, e os justos terão então a paz, em face da opressão dos pecadores."

 

            Capítulo 54

            1 Eu olhei e voltei-me para outra parte da terra. Lá eu vi um vale profundo, onde havia fogo com labaredas. E eles traziam os reis e os poderosos e arremessavam-nos naquele vale profundo.

            2 E os meus olhos viram como eram confeccionadas correntes de ferro imensamente pesadas, como instrumentos de tortura. Então eu perguntei ao Anjo da paz que ia comigo: "Para quem são preparadas essas correntes?"

            3 Ele disse-me: "Para as legiões de Azazel, a fim de aprisioná-las e lançá-las no abismo da condenação definitiva. De pedras ásperas serão cobertos os seus queixos, da forma como ordenou o Senhor dos Espíritos.

            4 "Miguel, Gabriel, Raphael e Phanuel os agarrarão, naquele grande Dia, e os lançarão na fornalha de fogo ardente, para que o Senhor dos Espíritos promova a sua vingança contra a iniqüidade, por terem eles se submetido a Satã e pervertido os habitantes da terra.

            5 "Naqueles dias, instaurar-se-á o castigo do Senhor dos Espíritos, e Ele abrirá todos o reservatórios de água que estão no alto dos céus, e todos os poços que estão debaixo da terra.

            6 "Todas as águas misturar-se-ão; a água do alto do céu é a masculina, e a água debaixo da terra é a feminina. E elas aniquilarão todos os habitantes da terra, bem como os que se encontram nos limites do céu.

            7 "E estes, após reconhecerem que praticaram a iniqüidade sobre a terra, serão aniquilados por causa dessa mesma iniqüidade."

 

            Capítulo 55

            1 Depois disso, o Ancião arrependeu-se e disse: "Em vão eu aniquilarei todos os habitantes da terra".

            2 Então ele jurou pelo seu santo Nome: "Doravante nunca mais procederei assim com nenhum dos habitantes da terra; estabelecerei agora um sinal no céu, e este será entre mim e eles uma aliança de fidelidade eterna, pelo tempo em que permanece o céu sobre a terra.

            3 "Se eu havia desejado que por aqueles delitos eles fossem postos a ferros pelas mãos dos Anjos, no dia da tribulação e da dor, permanece neste caso a minha ira e o meu castigo em relação a eles", disse Deus, o Senhor dos Espíritos.

            4 "O vós, reis poderosos, que habitais a face da terra! Devereis encarar o meu Eleito quando Ele se assentar sobre o trono da glória para julgar Azazel, seus asseclas e todas as suas legiões, em nome do Senhor dos Espíritos."

 

            Capítulo 56

            A agressão dos pagãos contra Jerusalém

            1 Lá eu vi perambularem as cortes dos Anjos vingadores, que portavam açoites e correntes de ferro e de bronze. Perguntei ao Anjo da paz que ia comigo: "A quem buscam eles com os açoites?"

            2 Ele me disse: "Eles buscam seus escolhidos e amados, para atirá-los nas profundezas do vale. Então aquele vale encher-se-á dos seus escolhidos e amados; então os seus dias chegarão ao fim, e daí em diante não estarão mais na conta os dias da sua perversão.

            3 "Naqueles dias, os Anjos virão outra vez e voltar-se-ão para o Oriente, para os Medos e Partas; eles provocarão os reis, acometendo-os com um espírito de perturbação e expulsando-Os dos seus tronos, como se fossem leões a sair dos seus covis ou lobos famintos a atacar os rebanhos.

            4 "Eles avançarão e pisarão a terra dos seus eleitos, e a terra destes será, na sua presença, como uma eira de trilhar e como uma senda de chão batido. Mas a cidade dos meus justos será um empecilho para os seus cavalos; começarão então os mútuos assassínios e a sua direita levantar-se-á entre eles. Nenhum homem reconhecerá o seu irmão, nem o filho reconhecerá seu pai ou sua mãe, e pelos assassínios serão inumeráveis os seus cadáveres; não será em vão o castigo deles.

            5 "Naqueles dias, o mundo inferior abrirá as portas da sua vingança; e eles despencarão por elas, e a sua perdição será definitiva. O mundo inferior engolirá os pecadores na presença dos eleitos."

 

            Capítulo 57

            O retorno da Diáspora

            1 Após isso vi uma infinidade de carruagens nas quais viajavam homens, e elas moviam-se sobre asas de vento do Oriente e do Ocidente em direção ao sul.

            2 Podia-se ouvir o ruído desses carros, e o seu fragor foi percebido pelos Santos do céu, e as pilastras da terra abalaram-se nas suas posições; ouviu-se esse ribombar de um canto do céu ao outro durante todo um dia.

            3 Eles todos cairão por terra, e haverão de suplicar ao Senhor dos Espíritos. Este é o fim da segunda alegoria.

 

            Terceira Alegoria

            Capítulo 58

            Juízo Final do Messias

            1 Após isso dei início à terceira alegoria sobre os justos e os escolhidos. Felizes sois vós, ó justos e escolhidos! Pois será gloriosa a vossa sorte.

            2 Os justos estarão na luz do sol e os eleitos na luz da vida eterna; os seus dias não terão fim, e sem conta serão os dias dos santos. Eles procuram a luz e encontram a Justiça junto ao Senhor dos Espíritos; os justos terão a paz, em nome do Senhor do mundo.

            3 Depois será dito aos santos que procurem no céu os segredos da Justiça e o destino da fé; pois então a terra ficará resplendente como a luz do sol, e as trevas dissipar-se-ão.

            4 Haverá uma luz que nunca mais se extinguirá, e os dias não terão fim; primeiro serão eliminadas as trevas, depois o Senhor dos Espíritos estabelecerá a luz; então a luz da retidão brilhará para sempre, na presença do Senhor dos Espíritos.

 

            Capítulo 59

            O raio e o trovão

            1 Naqueles dias meus olhos viram os segredos dos raios, bem como o segredo das luzes e suas leis; eles relampejam para a bênção ou para a desgraça segundo a vontade do Senhor dos Espíritos.

            2 Lá eu vi os segredos do trovão, e como o seu ribombar é ouvido embaixo, depois de ter estalado lá em cima no céu; foi-me permitido também ver os julgamentos que serão realizados sobre a terra, e como eles estão a serviço ou da graça ou da condenação, segundo as ordens do Senhor dos Espíritos.

            3 Foram-me depois revelados todos os segredos das luzes e dos raios e a forma como relampejam para abençoar e saciar a terra.

 

            Capítulo 60

            O dilúvio

            1 Ano quinhentos, no décimo quarto dia do sétimo mês da vida de Enoque. Naquela visão eu vi como o céu ficou fortemente abalado e como as legiões do Altíssimo, os Anjos, mil vezes mil e dez mil vezes dez mil, entraram em grande excitação.

            2 E o Ancião assentava-se sobre o trono da sua Glória, tendo ao seu redor os Anjos e os Justos. Então fui acometido de um forte tremor e o medo assaltou-me; meus quadris abateram-se e afrouxaram-se as minhas articulações; e eu caí sobre a minha face.

            3 Então Miguel enviou um outro Anjo dentre os Santos e este ergueu-me do chão. Ao ser erguido, voltou-me o alento; eu tinha estado sem condições de suportar a visão daquelas legiões, daquele abalo e tremor dos céus.

            4 Então Miguel dirigiu-se a mim: "Qual a visão que tanto te aterroriza? Até hoje perdurou o dia da sua misericórdia, e Ele foi clemente e magnânimo para com os habitantes da terra.

            5 "Mas quando se aproximar o dia da força, do Julgamento e do castigo, o Dia preparado pelo Senhor dos Espíritos para aqueles que não reconhecem a Justiça da Lei, mas antes a renegam e abusam do seu santo Nome, então estará preparado esse Dia; e esse Dia será uma dádiva para os escolhidos mas uma desgraça para os pecadores.

            6 "Naquele dia serão escolhidos dois monstros: um, feminino, de nome Leviatã, para ser colocado sobre as vertentes de água das profundezas do mar. O monstro masculino, porém,chamado Behemoth, cobrirá com o seu peito um deserto imenso de nome Duidain, ao Oriente do Jardim, onde moram os Eleitos e os Justos e onde foi recebido o teu avô, o sétimo a partir de Adão, o primeiro homem criado pelo Senhor dos Espíritos."

            7 Eu roguei àquele outro Anjo que me mostrasse o poder daqueles monstros, como um dia foram separados, sendo um lançado nas profundezas do mar e o outro, nas terras áridas do deserto.

            8 Ele falou-me: "O filho do homem! Queres agora saber algo que é secreto".

            9 Falou-me então o outro Anjo, aquele que ia comigo e me mostrava as coisas ocultas, as primeiras e as últimas, no alto dos céus e nas profundezas abaixo da terra e nos confins do céu em que se assentam os seus fundamentos, nas câmaras dos ventos, e como esses ventos são distribuídos, como são pesados, como os portões dos ventos são guarnecidos, cada um segundo a força do vento, e sobre o poder da luz da lua e sua exatíssima regularidade, e ainda a divisão das estrelas, segundo os seus nomes, e como eram classificadas todas as subdivisões, e também os estalos dos trovões, segundo os seus lugares, e onde caem igualmente todas as divisões dos raios e seus relampejos e os grupamentos a que obedecem.

            10 Pois o trovão tem regras fixas para o tempo estabelecido para o seu ribombar. O trovão e o raio são inseparáveis, e embora não sejam uma coisa só, nem aderentes, ambos caminham juntos através do espírito e não se apartam.

            11 Pois quando brilha a luz do raio o trovão emite a sua voz, mas o espírito cobra uma pausa até o ribombar, e assim os divide. O reservatório dos seus golpes é como a areia, e cada um deles ao estalar é contido por um freio, retardado pela força do espírito e em seguida arremessado em frente, em direção às diferentes partes da terra.

            12 O espírito do mar é másculo e forte, e pelo poder da sua força segura-o por um freio; depois igualmente é impelido para a frente, espalhando-se por todos os litorais da terra.

            13 O espírito da geada é um Anjo especial, e o espírito do granizo é um Anjo bom. O espírito da neve, em virtude da sua força, abandona a sua câmara; por isso há nela um espírito próprio, e o que dela se levanta é como uma vaporação e chama-se frio.

            14 O espírito da neblina não está encerrado nas suas câmaras, mas possui uma câmara especial; pois o seu vagar é magnífico, na luz e nas sombras, no inverno e no verão, e na sua câmara existe um Anjo.

            15 O espírito do orvalho tem a sua morada nos confins do céu, e esta associa-se às câmaras da chuva. Aparece no inverno e no verão, e suas nuvens juntam-se às nuvens da neblina, uma fortalece a outra.

            16 Quando o espírito da chuva quer sair da sua câmara aparecem os Anjos, abrem a câmara e deixam-na sair; e quando ela se derrama sobre toda a terra une-se com as águas terrestres.

            17 Pois as águas existem para os habitantes da terra; o Altíssimo no céu destinou-as para os alimentos na terra. Por isso existe uma medida para as chuvas, e ela está sob a guarda dos Anjos. E essas coisas eu havia visto junto ao Jardim dos Justos.

            18 E o Anjo da paz que estava comigo falou-me: "Aqueles dois monstros, criados pela grandeza de Deus, deverão ser devorados para que não seja em vão o Julgamento de Deus; e os filhos serão exterminados, juntamente com os seus pais, mães e crianças.

            19 Quando o Julgamento do Senhor dos Espíritos recair sobre eles, será executada a sentença para que não ocorra inutilmente o Juízo do Senhor dos Espíritos. Só depois disso acontecerá o Julgamento segundo a sua misericórdia e paciência."

 

            Capítulo 61

            1 Naqueles dias, eu vi como foram entregues aos Anjos longas fitas; então eles tomaram asas e voaram na direção do norte. Perguntei ao Anjo: "Por que eles tomaram aquelas fitas e partiram?" Falou-me: "Eles foram realizar medições".

            2 E disse-me ainda o Anjo que ia comigo: "Eles levam as medidas dos justos e da honestidade, que permitem a estes conservarem-se permanentemente firmes no Nome do Senhor dos Espíritos.

            3 "O Escolhido começará a habitar entre os eleitos, e essa é uma demonstração da dimensão da fé, confirmando a retidão. Essas medidas revelarão tudo o que está oculto no meio da terra, e trarão à luz também aqueles que pereceram no deserto e os que foram devorados pelos peixes do mar e pelos animais selvagens, para que reapareçam e estejam firmes e a postos no dia do Escolhido; pois diante do Senhor dos Espíritos ninguém perece e ninguém pode ser perdido."

            4 E todos os habitantes do céu receberam uma só ordem, uma força, uma voz e uma luz que se compara ao fogo. E eles glorificavam-no a uma só voz, louvavam-no e enalteciam-no com sabedoria, mostrando-se sábios na palavra e no espírito da vida.

            5 O Senhor dos Espíritos assentou então o Eleito sobre o trono da sua Glória. Ele julgará todas as obras dos Santos no alto do céu, e elas serão pesadas na balança.

            6 Quando Ele erguer a sua face para colocar em ordem os seus caminhos ocultos, segundo a força do Nome do Senhor dos Espíritos, e os seus passos segundo a medida do julgamento justo do Senhor dos Espíritos, então todos, a uma só voz, glorificarão, exaltarão e louvarão o Nome do Senhor dos Espíritos.

            7 Então Ele chamará toda a corte celestial, todos os Santos nas alturas e as legiões de Deus, os Querubins, os Serafins e os Orphanins, todos os Anjos da Potestade, todos os Anjos da Dominação, o Eleito e as demais forças existentes sobre a terra e sobre o mar.

            8 E, naquele Dia, eles se levantarão a uma só voz, para glorificar, magníficar, bendizer e louvar no espírito da fé, da sabedoria, da paciência, da misericórdia, do direito, da paz e do bem, dizendo todos em uníssono: "Glória a Ele! Seja louvado o Nome do Senhor dos Espíritos por toda a eternidade!"

            9 Todos os que no alto dos céus não dormem louva-lo-ão; todos os Santos do céu O glorificam, e assim também fazem todos os escolhidos, que habitam no Jardim da Vida, e todo espírito de luz capaz de glorificar, exaltar, louvar e santificar o teu santo Nome; e toda carne glorificará o teu Nome por causa das tuas medidas, e louva-lo-á eternamente. Pois grande é a misericórdia do Senhor dos Espíritos, e Ele é indulgente. Ele revelou todas as suas obras e todas as suas criações aos justos e aos escolhidos, em nome do Senhor dos Espíritos.

 

            Capítulo 62

            1 E assim ordenou o Senhor dos reis, dos poderosos e dos grandes, bem como dos habitantes da terra: "Abri os vossos olhos e levantai vossa cabeça, quando chegardes a reconhecer o Eleito!"

            2 O Senhor dos Espíritos assentou-O sobre o trono da sua Glória. E sobre Ele foi derramado o espírito da Justiça; a palavra da sua boca exterminou todos os pecadores, e todos os ímpios foram aniquilados por Ele.

            3 Naquele dia erguer-se-ão todos os reis, os poderosos, os grandes e os demais possuidores da terra; verão e reconhecerão que Ele se assenta sobre o trono da sua Glória, que julgará com Justiça e que nenhuma palavra de mentira será pronunciada diante d'Ele.

            4 Então sobrevir-lhes-á sofrimento igual ao de uma mulher em dores de difícil parto, quando o filho passa pela abertura matriz, e ela sofre ao dar à luz. Uma parte deles então encarará a outra; assustar-se-ão, baixarão os seus olhos, e serão acometidos de dores quando virem o Filho do Homem assentar-se sobre o trono da sua Glória.

            5 Então os reis, os poderosos e os demais senhores da terra haverão de glorificar, louvar e enaltecer Aquele que reina sobre todas as coisas, e que estava oculto. Pois, no princípio, o Filho do Homem estava oculto, e o Altíssimo conservava-O na presença do seu poder; e revelou-O aos escolhidos.

            6 Florescerá então a comunidade dos escolhidos e dos santos, e todos os escolhidos, naquele dia, estarão na sua presença. Todos os reis, os poderosos, os grandes e demais senhores da terra cairão sobre a sua face, na sua presença, e suplicarão: irão colocar a sua esperança naquele Filho do Homem, invoca-lo-ão e implorarão sua misericórdia.

            7 Todavia, aquele Senhor dos Espíritos os obrigará a se afastarem o mais rapidamente possível da sua presença; o rosto deles cobrir-se-á de vergonha, e sobre eles recairá a escuridão. E Ele os entregará aos Anjos vingadores, porque maltrataram seus filhos e seus escolhidos.

            8 Eles proporcionarão um espetáculo para os justos e escolhidos: estes rejubilarão, porque a ira do Senhor dos Espíritos abater-se-á sobre eles, e Sua espada embeber-se-á no seu sangue. Naquele dia, os justos e os escolhidos serão salvos, e não verão nunca mais a face dos pecadores e dos ímpios.

            9 O Senhor dos Espíritos habitará então entre eles, e estes comerão com o Filho do Homem, deitar-se-ão e levantar-se-ão por toda a eternidade. Os justos e os escolhidos exaltar-se-ão sobre a terra, e nunca mais haverão de baixar os seus olhos.

            10 Serão recobertos com as vestes da glória, que são as vestes da Vida do Senhor dos Espíritos. Vossas vestes não envelhecerão e vossa glória não passará na presença do Senhor dos Espíritos.

 

            Capítulo 63

            1 Naqueles dias, os poderosos e os reis, e aqueles que possuem a terra, haverão de suplicar-lhe que lhes seja concedida uma trégua em face dos Anjos vingadores, que foram incumbidos de castigá-los, e implorarão a possibilidade de reconhecerem os seus pecados, na presença do Senhor dos Espíritos.

            2 Eles então glorificarão e louvarão o Senhor dos Espíritos, dizendo: "Louvado seja o Senhor dos Espíritos, o Senhor dos reis, o Senhor dos poderosos, o Senhor dos senhores, o Senhor da Glória, o Senhor da Sabedoria, para quem todo o segredo é manifestado. Teu poder permanece de geração em geração e tua glória de eternidade em eternidade. Inumeráveis e profundos são todos os teus segredos, e a tua Justiça é incomensurável.

            3 "Vemos agora que é nossa obrigação louvar e bendizer o Senhor dos reis, o Soberano de todos os príncipes." E dirão também: "Quem nos concede um pouco de sossego, para que possamos glorificar, agradecer e louvar, bem como reconhecer a nossa fé diante da sua Majestade?

            4 "Agora suspiramos por um pouco de paz e não a encontramos; nós a procuramos com todas as forças e não a alcançamos. A luz desapareceu para nós, e as trevas são a nossa morada perene. Pois nós não confirmamos a nossa fé diante d'Ele, nem glorificamos o Nome do Senhor dos Espíritos, nem louvamos o Senhor nosso. Nossa esperança repousava sobre o nosso cetro real e sobre a nossa celebridade.

            5 "No dia da nossa necessidade e tribulação, Ele não nos salva; nenhuma prorrogação nos é concedida, para que possamos reconhecer que o nosso Senhor é verdadeiro em todas as suas obras, ordenações e Justiça, e que seus julgamentos nunca fazem acepção de pessoas. Somos eliminados da sua Face por causa das nossas obras, e todos os nossos pecados estão contados com exatidão."

            6 Eles dirão agora entre si: "Nossa alma está farta da Mamona injusta; mas isso já não tem mais nenhum proveito, pois haveremos de descer ao tormento do fogo do inferno!"

            7 Depois do que, sua face cobrir-se-á de sombras e de vergonha diante do Filho do Homem; eles serão expulsos da sua presença, e a espada agirá entre eles com fúria, sob seus olhos.

            8 Assim falou o Senhor dos Espíritos: "Este é o Julgamento que foi determinado pelo Senhor dos Espíritos sobre os poderosos, sobre os reis, os grandes e os demais senhores da terra".

 

            Capítulo 64

            1 Eu vi ainda outras formas que se escondiam naquele lugar. Eu ouvi os Anjos dizerem: "Estes são os Anjos que desceram do céu sobre a terra, que desvelaram coisas secretas aos filhos dos homens, e que os desencaminharam para a prática do pecado".

 

            Capítulo 65

            Noé

            1 Naqueles dias, Noé viu como a terra afundava e como se aproximava a sua destruição. Então ele partiu daquele lugar e foi até os confins da terra, e chamou pelo seu avô Enoque. Por três vezes ele gritou com voz aflita: "Escuta-me! Escuta-me! Escuta-me!"

            2 E assim eu falei a ele: "Explica-me o que está acontecendo com a terra, pois que está tão atingida e abalada! Tenho receio de perecer junto com ela!" Neste momento aconteceu um grande tremor na terra, e uma voz do céu fez-se ouvir, eu caí sobre a minha face.

            3 Então apareceu o meu avô Enoque, aproximou-se de mim e falou-me: "Por que clamaste a mim com voz tão amarga e em lágrimas? De junto do Senhor foi emitida uma ordem relativa aos habitantes da terra, e ela significará o seu fim, porque aprenderam dos Anjos todos os segredos e todos os atos violadores dos Satãs, bem como todas as energias ocultas e as forças da magia, e além disso o poder dos esconjuros e as faculdades dos que fundem imagens para toda a terra, e, finalmente, porque aprenderam como se obtém a prata da areia nobre, e como se forma o metal doce sobre a terra.

            4 "Pois o chumbo e o estanho não se obtêm da terra, como aquela; eles são produzidos por uma fonte, e dentro da fonte existe um Anjo, que os esfria."

            5 Em seguida, o meu avô Enoque tomou-me pela mão, ergueu-me e disse-me: "Vai! Pois eu perguntei ao Senhor dos Espíritos sobre esse tremor da terra. E Ele respondeu-me: `Por causa da sua iniqüidade, foi determinada uma sentença definitiva sobre eles, e esta sentença já não pode mais ser sustada pela minha intermediação. Por causa de todas as feitiçarias que eles desenvolveram e aprofundaram, a terra será aniquilada juntamente com todos os seus habitantes'.

            6 "E para estes não haverá mais tempo para o arrependimento; pois foi-lhes desvelado o que era um segredo, e por isso serão condenados. Mas com respeito a ti, Noé, o Senhor dos Espíritos sabe que és puro e isento de culpas em relação àqueles segredos.

            7 "Ele incluiu o teu nome entre os Santos, e haverá de preservar-te dentre os habitantes da terra; predestinou a tua descendência pia para a realeza e para grandes dignidades, e da tua geração nascerá uma vertente de justos e piedosos, para sempre."

 

            Capítulo 66

            1 Depois disso, ele mostrou-me os Anjos vingadores que estavam preparados para vir e liberar todas as forças da água subterrânea e espalhá-la sobre todos os habitantes da terra para seu castigo e destruição. O Senhor dos Espíritos deu então a ordem aos Anjos que partiam para que não deixassem escorrer as águas, mas sim retê-las; pois esses Anjos eram os que presidiam às águas. Nessa hora, eu me afastei de Enoque.

 

            Capítulo 67

            O castigo dos Anjos

            1 Naqueles dias, revelou-se em mim a palavra de Deus, e Ele falou-me: "Noé! Tua sorte chegou à minha presença; será um destino sem mancha, um destino de amor e de retidão. Os Anjos farão agora uma construção de madeira, e quando tiverem aprontado sua obra colocarei minha mão sobre ela e a tomarei sob a minha proteção. Dela sairá uma semente de vida, e a terra se transformará de modo a não ficar vazia de homens.

            2 "Eu darei aos teus descendentes uma subsistência perpétua diante de mim e ampliarei o número dos que habitam contigo; não serão infecundos sobre a terra, mas, ao contrário, abençoados, e multiplicar-se-ão sobre ela, em nome do Senhor."

            3 E os Anjos que ensinaram a depravação serão por Ele circunscritos naquele vale de fogo, que meu avô me mostrara anteriormente, ao oeste, junto às montanhas de ouro, prata, ferro, metal brando e estanho.

            4 Eu vi aquele vale, onde estava crescendo o volume de água e causando inundação. Ao mesmo tempo, o metal derretido e os abalos daquele lugar exalaram um cheiro de enxofre que se aliou àquelas águas, fazendo com que o vale dos Anjos corruptores continuasse a arder debaixo da terra.

            5 Por seus desfiladeiros escorrem torrentes de fogo, no mesmo lugar onde serão sentenciados aqueles Anjos que desencaminharam os habitantes da terra. Mas aquelas águas servirão, naqueles dias, aos reis, aos poderosos, aos grandes e aos demais potentados da terra, para curar seus corpos; mas servirão também para o castigo do espírito. Por ser o seu espírito carregado de luxúria, eles são castigados no seu corpo. Pois renegaram o Senhor dos Espíritos; todos os dias viam a sua Justiça, mas não acreditaram no seu Nome.

            6 Na mesma proporção em que recrudescerá a queima do seu corpo, ocorrerá uma alteração no seu espírito para sempre; pois a ninguém é permitido pronunciar uma palavra leviana diante do Senhor dos Espíritos. Sobre eles recairá a sentença, porque se deleitaram na volúpia da sua carne e renegaram o Espírito do Senhor.

            7 As mesmas águas experimentarão naqueles dias uma alteração. Pois ao serem aqueles Anjos atormentados naquelas águas, a temperatura destas se modificará; e quando os Anjos delas saírem as fontes da água transformar-se-ão e esfriarão.

            8 Eu ouvi como Miguel tomou a palavra e disse: "Este julgamento, pelo qual os Anjos são castigados, é um exemplo para os reis, os poderosos e outros senhores da terra. Estas águas da Justiça servem à saúde dos reis e ao prazer dos seus corpos; eles, porém, não querem reconhecer e acreditar que as mesmas águas se transformam e poderão converter-se num fogo eternamente ardente".

 

            Capítulo 68

            1 Depois disso, o meu avô Enoque transmitiu-me os ensinamentos de todos os segredos contidos no livro e nas alegorias que lhe foram dados, e ele juntou-os todos para mim nas palavras do livro das alegorias. Naquele dia, Miguel comunicou-se com Raphael nestes termos: "A excitação do espírito me arrebata e faz-me tremer por causa da severidade do Julgamento, dos segredos e do castigo dos Anjos. Quem poderá suportar a gravidade da sentença que será cumprida, sem abalar-se profundamente?"

            2 E Miguel continuou dizendo a Raphael: "Qual o coração que não se comove e quais os rins que não estremecem em face da sentença de condenação que sobre eles recaiu, por causa dos que foram por eles pervertidos?" Na presença do Senhor dos Espíritos, Miguel disse ainda a Raphael: "Não posso interceder por eles diante dos olhos do Senhor, pois o Senhor dos Espíritos está irado com eles, porque se comportaram como se fossem o próprio Senhor".

            3 Por isso, todo o Oculto se abaterá sobre eles eternamente, embora dele não participem inteiramente nem os Anjos nem os homens; mas eles sozinhos suportarão a sua sentença para sempre.

 

            Capítulo 69

            A queda dos Anjos

            1 Em conseqüência desse Julgamento, eles serão submetidos à angústia e ao estremecimento por terem desvelado aquelas coisas aos habitantes da terra.

            2 Os nomes daqueles Anjos são os seguintes: o primeiro deles é Semjaza, o segundo, Artakifa, o terceiro, Armen, o quarto, Kokabel, o quinto, Turael, o sexto, Rumjal, o sétimo, Danjal, o oitavo, Nekael, o nono, Barakel, o décimo, Azazael, o undécimo, Arrnaros, o duodécimo, Batarjal, o décimo terceiro, Busasejal, o décimo quarto, Hananel, o décimo quinto, Turel, o décimo sexto, Simapesiel, o décimo sétimo, Jetrel, o décimo oitavo, Tumael, o décimo nono, Turel, o vigésimo, Rumael, e o vigésimo primeiro, Azazel.

            3 E estes são os chefes dos seus Anjos, e estes os nomes dos prepostos sobre cem, cinqüenta e dez. O nome do primeiro é Jekon; é aquele que seduziu todos os filhos dos Anjos, trazendo-os para a terra e desencaminhando-os por intermédio das filhas dos homens.

            4 O segundo chamava-se Asbeel; este deu um mau conselho aos filhos dos Anjos, fazendo com que corrompessem os seus corpos com as filhas dos homens. O terceiro chamava-se Gadreel; este ensinou aos filhos dos homens todos os golpes mortais. Também foi o que seduziu Eva, e que também ensinou aos filhos dos homens os instrumentos para matar, a couraça, o escudo, o montante e, acima de tudo, todas as armas assassinas.

            5 Foi por suas mãos que estas passaram a ser usadas pelos habitantes da terra, desde então e por todos os tempos. O quarto chamava-se Penemue; ele ensinou aos filhos dos homens o doce e o amargo, bem como todos os segredos da sua sabedoria.

            6 Ele também instruiu os homens na escrita com tinta e sobre papel, e com isso muitos se corromperam, desde os tempos antigos por todas as épocas, até os dias de hoje. Pois os homens não foram criados para fortalecer sua honestidade dessa maneira, por meio de pena e tinta.

            7 Os homens foram criados à semelhança dos Anjos; deveriam permanecer honestos e puros, e assim não seriam afetados pela morte que tudo destrói; todavia, por esse conhecimento eles se arruinaram, e pelo poder desse conhecimento destruíram-se mutuamente.

            8 O quinto chamava-se Kasdeja; este ensinou aos filhos dos homens toda espécie de sortilégios dos espíritos e dos demônios, bem como os malefícios contra o fruto do ventre materno, para sua expulsão, e os contra a alma, feitiços contra a picada de cobra, contra a insolação e contra o filho da serpente, chamado Tabaet.

            9 E esta foi a tarefa de Kasbeel, que desvelara aos Santos o Juramento supremo, quando habitava no alto da Glória e se chamava Bika. Este pedira a Miguel para transmitir-lhe o Nome secreto, a fim de que pudesse ser conhecido e empregado nos juramentos, conquanto aqueles que ensinaram as coisas ocultas aos filhos dos homens tremessem em face desse Nome e desse Juramento.

            10 Grande é a força desse Juramento; é forte e poderoso. Ele confiou esse Juramento Atkae às mãos de Miguel. Tais são os segredos daquele Juramento: ao ser pronunciado, o céu firmou-se e foi suspenso no seu lugar, antes que fosse criada a terra, por toda a eternidade.

            11 Por ele foi assentada a terra sobre as águas, e maravilhosas fontes de água brotaram dos lugares ocultos das montanhas, desde a criação e por toda a eternidade. Por aquele Juramento foi criado o mar, e para seu complemento Ele concedeu-lhe as areias para os períodos da sua fúria; e não tem a permissão de ultrapassá-las, desde a criação do mundo e por toda a eternidade.

            12 Por aquele Juramento foram estabelecidos os abismos, e eles permanecem imutáveis no seu lugar, de eternidade em eternidade. Por aquele Juramento o sol e a lua cumprem o seu curso e não se afastam da sua órbita, de eternidade em eternidade. Por aquele Juramento as estrelas obedecem ao seu curso. Ele as chama por seus nomes e elas correspondem-lhe, de eternidade em eternidade, o mesmo acontecendo com os espíritos das águas, dos ventos e dos ares, com os cursos em todas as suas direções.

            13 Aqui incluem-se as vozes dos trovões e a luz dos raios, e aqui conservam-se também as câmaras do granizo, da geada, da neblina, da chuva e do orvalho. Todas essas coisas confessam a sua fé e agradecem ao Senhor dos Espíritos; glorificam-na com todo o seu potencial. O seu alimento é o puro reconhecimento; elas agradecem, louvam e exaltam o Nome do Senhor dos Espíritos, de eternidade em eternidade.

            14 Esse Juramento é poderoso sobre elas; por ele são conservados os seus caminhos, e o seu curso não é perturbado. Grande alegria reinava entre elas, e bendiziam, louvavam, glorificavam e rejubilavam-se, porque o Nome daquele Filho do Homem lhes foi desvelado.

            15 Ele assentou-se sobre o trono da sua Glória; e então foi confiada a Ele, o Filho do Homem, a condução do Julgamento, e fez com que desaparecessem da terra os pecadores e os perversos do mundo. Eles serão postos em grilhões e encerrados no lugar comum da sua destruição; todas as suas obras desaparecerão da terra.

            16 De agora em diante, o corruptível deixará de existir, pois aquele Filho do Homem apareceu e assentou-se sobre o trono da sua Glória, e diante da sua face todo o mal se dissipa e desaparece. E a voz daquele Filho do Homem se fará ouvir e será poderosa diante do Senhor dos Espíritos. Esta foi a terceira alegoria de Enoque.

 

            Capítulo 70

            Enoque no Paraíso

            1 Depois disso, o seu nome, no decurso da sua vida, será elevado àquele Filho do Homem e ao Senhor dos Espíritos e subtraído aos habitantes da terra. Ele foi transportado pelas sendas do Espírito, e o seu nome desapareceu do meio deles.

            2 A partir daquele dia não fui mais contado entre eles, e ele depositou-me entre duas regiões celestes, entre o Norte e o Ocidente, onde os Anjos pegaram as suas fitas e mediram para mim o lugar dos eleitos e dos justos. Lá eu vi os Patriarcas e os Justos, que desde os tempos antigos ali habitavam.

 

            Capítulo 71

            Enoque com o Filho do Homem

            1 Depois o meu espírito foi arrebatado, e subi ao céu. Eu vi os filhos dos santos Anjos caminhando sobre chamas de fogo; suas roupas e vestimentas eram brancas e suas faces cintilavam como a neve. Eu vi duas torrentes ígneas, e a luz do fogo brilhava como um jacinto. Então caí sobre a minha face, diante do Senhor dos Espíritos.

            2 Então o Anjo Miguel, um dos Arcanjos, tomou-me pela mão direita, ergueu-me e introduziu-me em todas as coisas ocultas e mostrou-me todos os verdadeiros segredos. Ele mostrou-me todos os segredos dos confins do céu, das estrelas e das câmaras das luminárias, de onde procedem para chegarem na presença do Santo.

            3 E ele transportou o meu espírito ao céu dos céus, e lá eu vi um edifício de cristal, e entre os cristais havia línguas de fogo vivo. O meu espírito viu o cinturão que circundava a casa de fogo, e nos seus quatro lados existiam torrentes de fogo vivo, e elas fluíam ao redor daquela casa.

            4 Ao redor havia Serafins, Querubins e Orphanins; estes são os que nunca dormem, e que guardam o trono da Sua Glória. Eu vi como inumeráveis Anjos postavam-se ao redor daquela casa, e eles eram mil vezes mil e dez mil vezes dez mil. Miguel, Gabriel, Raphael e Phanuel, bem como os santos Anjos, que estão no alto dos céus, entravam e saíam daquela casa.

            5 Nesse momento, saíam daquela casa Miguel, Gabriel, Raphael e Phanuel, acompanhados de número incalculável de santos Anjos. Entre eles vinha o Ancião, e sua cabeça era branca e imaculada como a lã, e suas vestes eram indescritíveis.

            6 Então eu caí sobre a minha face; todo o meu corpo estava derreado, e o meu espírito entrou em delírio. Eu gritei em alta voz, com a força do espírito, bendizendo, glorificando e louvando. Esses louvores que procediam da minha boca agradaram ao Ancião.

            7 Então o Ancião veio, com Miguel, Gabriel, Phanuel e mil vezes mil e dez mil vezes dez mil Anjos, em número incontável. Ele aproximou-se de mim, saudou-me com a sua voz, e falou-me: "Este é o Filho do Homem, que haverá de nascer para a Justiça. A Justiça habita n'Ele, e a Justiça do Ancião não o abandona".

            8 Então Ele falou-me: "Ele saúda-te em nome do mundo que há de vir, pois d'Ele procede a paz desde a criação do universo, e assim será contigo até à eternidade.

            9 "Todos os que andam nos seus caminhos — pois a Justiça nunca mais os abandonará terão n'Ele a sua morada e sua herança, e d'Ele nunca mais se afastarão por toda a eternidade. E, assim, encontrar-se-á vida perene junto ao Filho do Homem, e os justos então gozarão paz e caminharão pelas veredas retas, para todo o sempre."

            (3ª Parte)

            Enoque (ou Enoch) – חנוך, Chanoch ou Hanokh – é o nome dado a um dos personagens bíblicos mais peculiares e misteriosos das Escrituras. Nasceu, segundo os escritos judeus, na sétima geração depois de Adão, sendo filho de Jarede, e pai de Matusalém.

             Enoque é o assunto de muitas tradições judaicas e cristãs. Ele foi considerado o autor do Livro de Enoque e também chamou Enoque de escriba do julgamento.

             De acordo com a tradição escrita hebraica denominada Tanakh, relatada em Gênesis, capítulo 5, versos 22-24, Enoque teria sido tomado por Deus para que não experimentasse a morte e na certa fosse poupado da ira do dilúvio:

             “E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.”

             Há dois aspectos extraordinários no relato de Enoque, enfocados nesses versículos, que não foram enfocados em outras gerações: as indicações do texto de que ele “andou com Deus” e o fato que, supostamente, ele não teria morrido, pois “Deus para si o tomou”. Estes relatos foram a origem de muitas fábulas e midrashim (estudos rabínicos mais aprofundados) de sábios judeus ao longo de séculos. Muitos deles se incomodaram muito pelo fato que Enoque "só" vivera 365 anos, uma curta duração de vida para sua época, de acordo com o livro de Gênesis.

             Sobre este personagem bíblico existem também os livros apócrifos pseudoepígrafos: “Livro de Enoque I” e o “Livro de Enoque II", que fazem parte do cânone de alguns grupos religiosos, principalmente dos cristãos da Etiópia”, mas que foram rejeitados pelos cristãos, por não terem sido inspirados pelo Espírito Santo e pelos hebreus, por serem particularmente incômodos do ponto de vista político. Todavia, a epístola de Judas, no Novo Testamento bíblico, faz uma menção expressa ao Livro de Enoque, fazendo uma breve citação nos versos 14 e 15 de seu único capítulo. De acordo com O Livro de Enoque: com estudo comparativo das principais traduções, existem vários livros atribuídos a Enoque, sendo três os mais conhecidos: O Livro de Enoque (ou Enoque etíope ou Enoch 1), O Segundo Livro de Enoque (ou Enoque Eslavônico) e O Terceiro Livro de Enoque (ou Enoque hebraico). O mais conhecido é o primeiro deles, que está incluído na bíblia etíope, é considerado autêntico pelos judeus da Etiópia e era considerado autêntico pelos judeus até cerca do ano 200, tendo feito parte do corpus bíblico hebraico até essa época e tendo sido removido por um rabino, por diversas razões, inclusive políticas. Cerca de 200 anos mais tarde, São Jerônimo, encarregado de criar a bíblia cristã, se baseou no princípio "verdade hebraica", que significava que os livros considerados autênticos pelos judeus (do Antigo Testamento) eram autênticos. Por essa razão, o Livro de Enoque caiu no esquecimento no Ocidente, até ser reencontrado mais de mil anos depois. O Livro de Enoque (Enoch 1) foi traduzido e publicado no Brasil pela primeira vez em 1982. O Livro de Enoch é extremamente polêmico, por abordar questões sexuais e raciais. Uma das polêmicas é a dos anjos caídos que desceram dos céus para ter relações sexuais com mulheres que consideraram atraentes e geraram gigantes que destruía a Terra. Outra polêmica é que de acordo com uma passagem, Adão e Eva tiveram filhos negros e Adão era branco, o que indica que Eva era negra.

             De acordo com o relato contido em Gênesis sobre a idade dos patriarcas, Sete e seus filhos ainda viviam quando Enoque foi tomado por Deus, bem como Matusalém e Lameque.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Enoque_(antepassado_de_No%C3%A9)

NOTA: Em verdade vos digo, que este texto a de ser lido não com os olhos da carne, mais sim com os do espirito, deve-se ler com inspiração, pois aquele que de modo diferente o fizer, mais lhe será a sua confusão. Aquele que  confuso se fizer e boa vontade tiver em seu intendimento, que em busca da verdade saias, porque certamente esta lhe virá a seu encontro...