Terceira Parte - O Livro Astronômico
Capítulo 72
O Sol
1 Livro do curso das luminárias
celestes, dos relacionamentos de cada uma segundo as suas classificações, do
seu domínio e dos seus tempos, segundo o seu nome, lugar de origem e meses, que
me foram mostrados pelo seu dirigente e meu acompanhante, o santo Anjo Uriel.
Ele mostrou-me também como se comportam em regime constante as suas leis e
períodos anuais, até que seja criada a nova ordem que haverá de durar
eternamente.
2 A primeira lei das luminárias é a
seguinte: a luz do sol levanta-se nas portas do céu do Oriente e desce nas
portas do céu do Ocidente. Eu vi seis portões por onde o sol se levanta, e seis
por onde se põe; também a luz sobe e desce por aqueles portões, e da mesma
forma fazem as estrelas-líderes e as suas lideradas; seis ao Leste e seis ao
Oeste, e todas seguem em perfeita ordem umas em relação às outras. A direita e
à esquerda daqueles portões há muitas janelas.
3 Primeiro se apresenta a grande
luminária, o sol; a sua forma esférica assemelha-se à do céu; ela está
preenchida de fogo brilhante e calorífico. Os carros que o levam são conduzidos
pelo vento. Ao descer, o sol desaparece do céu e volta ao Oriente pelo Norte,
sendo conduzido de tal sorte a chegar àquele portão determinado, para então
voltar a brilhar no céu.
4 Dessa forma, no primeiro mês ele
sai pelo portão grande; é o quarto dos seis portões do Oriente. Naquele quarto
portão, por onde o sol se levanta no primeiro mês, encontram-se doze aberturas
de janelas, por onde sai uma chama de fogo, quando a seu tempo forem abertas.
5 Ao levantar-se o sol no céu, ele
sai pelo quarto portão durante o período de trinta manhãs e dirige-se
diretamente ao quarto portão celeste ocidental, para nele desaparecer. Naqueles
dias as jornadas são mais longas e as noites mais curtas, até à trigésima
manhã.
6 Nesse dia, a jornada é duas partes
mais longa do que a noite, contendo o dia exatamente dez partes, e a noite,
oito. O sol, portanto, sobe por aquele quarto portão, e pelo quarto desce;
depois disso, ele passa para o quinto portão oriental, pelo período de trinta
manhãs; por esse portão se levanta e pelo quinto portão desce.
7 Então o dia fica duas partes mais
longo, comportando onze partes; a noite, porém, fica mais curta, comportando
sete partes. Após isso, no seu retorno ao Oriente, o sol chega ao sexto portão;
por esse sexto portão se levanta e se põe, pelo período de trinta e um dias,
por causa do seu sinal (solstício do verão).
8 Naquele dia, a jornada será mais
longa do que a noite, e o dia comporta o dobro da noite; ele compõe-se então de
doze partes, e a noite fica mais curta, compondo-se de seis partes.
9 O sol então prossegue, fazendo com
que o dia seja mais curto e a noite mais longa; quando volta ao Oriente, ele
entra no sexto portão, e por ele sobe e desce, pelo período de trinta manhãs.
Passadas as trinta manhãs, o dia perde exatamente uma das suas partes,
comportando então onze partes, e a noite, sete.
10 Após isso, o sol sai daquele
sexto portão do Ocidente, volta ao Oriente e entra pelo quinto portão, pelo
período de trinta manhãs, e pelo quinto portão desce no Ocidente. Naquele dia,
a jornada perde duas de suas partes; o dia então abrange dez partes e a noite,
oito.
11 Assim, o sol sai pelo quinto
portão e entra pelo quinto portão ocidental; depois disso ele sai pelo quarto
portão pelo período de trinta e um dias, por causa do sinal, e desce no
Ocidente. Naquele dia, a jornada é igual à noite; tem a mesma duração,
comportando a noite nove partes, e o dia, outro tanto.
12 Assim o sol se levanta daquele
portão e desce no Ocidente; depois ele volta ao Oriente, para sair do terceiro
portão pelo período de trinta manhãs, descendo no terceiro portão ocidental.
13 Naquele dia, a noite será mais
longa do que o dia, sendo mais longa do que as noites usuais, e a jornada mais
curta do que as jornadas habituais; e isso até à trigésima manhã, comportando
então a noite exatamente dez partes, e o dia, oito.
14 Dessa forma, o sol se levanta do
terceiro portão, desce no terceiro ocidental e toma ao Oriente; depois disso,
ele passa a aparecer pelo segundo portão oriental, durante trinta manhãs, e
desce igualmente no segundo portão celeste ocidental. Nesse dia, a noite terá
onze partes, e o dia, sete.
15 Nesse dia, o sol se levanta pelo
segundo portão, e no segundo ocidental se põe; depois toma ao Oriente, voltando
ao primeiro portão pelo espaço de trinta e um dias, e descendo no primeiro
portão ocidental. Nesse dia, a noite será mais longa e comporta o dobro do dia;
ela envolve exatamente doze partes, e o dia, seis.
16 O sol terá então completado o seu
período principal, e nesse momento inicia o retomo sobre o mesmo período; pelo
espaço de trinta manhãs ele aparece por aquele portão e desce igualmente no
Ocidente, no que lhe está defronte. Nesse dia, a duração da noite será uma
parte mais curta, comportando onze partes, e o dia, sete.
17 O sol, então, no seu retomo,
chega ao segundo portão oriental, fazendo o caminho de volta do seu período;
por esse portão sobe e desce durante trinta dias. Nesse dia, a noite terá
duração mais curta; comportará dez partes, e o dia, oito.
18 Nesse dia o sol aparecerá pelo
segundo portão e descerá pelo portão ocidental correspondente. Então volta ao
Oriente, para aparecer pelo terceiro portão, pelo espaço de trinta e um dias,
descendo no céu ocidental correspondente.
19 Nesse dia, a noite estará
diminuída, comportando nove partes; e o dia e a noite terão igual duração.
Dessa forma, o ano comporta exatamente 364 dias.
20 O comprimento do dia e da noite,
bem como a brevidade do dia e da noite são determinados na sua diferenciação
pelo percurso do sol. Por isso, o seu curso diário fica a cada noite mais
curto.
21 E esta a lei, e este é o percurso
do sol e o seu retomo. Por sessenta vezes ele volta, para de novo aparecer; e
ele é o grande luminar, por todos os tempos.
22 Esse que assim surge é o grande
luminar, e assim se chama por causa da sua aparência, por determinação do
Senhor. Assim como se levanta, assim também desce; ele não diminui nem
descansa, mas caminha dia e noite, e a sua luz é sete vezes mais brilhante do
que a da lua. Em tamanho, porém, ambos são iguais.
Capítulo 73
A Lua
1 Depois dessa lei, eu vi outra,
referente ao luminar pequeno, que é a lua. O alcance do seu giro é equivalente
ao do céu; o carro sobre o qual ela anda é conduzido pelo vento e a luz lhe é
proporcionada segundo medidas.
2 A cada mês alteram-se seu
nascimento e seu ocaso; seus dias são semelhantes ao dias solares, e quando sua
lua é uniforme, comporta uma sétima parte da luz do sol.
3 E assim que ela se apresenta: sua
primeira fase aparece no Oriente na trigésima manhã; nesse dia ela fica
visível, e assim começa para vós a primeira fase da lua, no trigésimo dia,
aparecendo juntamente com o sol, pelo mesmo portão.
4 Ela mostra então uma sétima parte
de uma das suas metades, e todo o restante do seu disco é vazio e sem luz, à
exceção de um sétimo e um quarto de sétimo da metade da sua luz.
5 Quando ela recebe um sétimo da
metade da sua luz. então a sua luminosidade comporta um sétimo e a metade de um
sétimo. Ela se põe juntamente com o sol; e quando o sol se levanta, levanta-se
também a luz, e recebe a metade de uma das partes da luz. E naquela noite, no
início da sua manhã no princípio do seu período, ela põe-se juntamente com o
sol, e na mesma noite ela fica invisível nas quatorze partes e metade de uma.
6 Naqueles dias, ela brilha com um
sétimo do seu todo, levanta, principia a afastar-se do sol e nos dias restantes
deixa brilharem as outras treze partes.
Capítulo 74
1 Então eu vi também um outro
movimento e sua lei, pelo qual ela cumpre o seu ciclo mensal. O santo Anjo
Uriel, que preside a todas as luminárias, mostrou-me tudo, e eu anotei as suas
posições da forma como ele me explicava; anotei também os seus meses, da forma
como eram, e as manifestações da sua luz, no decurso de quinze dias.
2 A cada dia dos sete primeiros ela
cresce, até tornar-se plena a sua luz; e a cada dia dos sete seguintes ela
míngua, até tornar-se completamente invisível no Ocidente. Em determinados
meses, ela altera o seu ocaso, e em determinados meses percorre o seu curso
próprio.
3 Em dois meses a lua desce com o
sol nos dois portões do meio, o terceiro e o quarto. Durante sete dias ela se
levanta, para retomar àquele portão em que nasce o sol; a sua luz então estará
cheia. Vagarosamente ela retrocede em relação ao sol, e chega no oitavo dia ao
sexto portão, por onde se levanta o sol.
4 Quando o sol está nascendo no
quarto portão, a lua se levanta por sete dias, até chegar a sair pelo quinto
portão; depois, em sete dias, volta ao quarto portão, faz a sua luz cheia, e
então ela volta e no decurso de oito dias estará no primeiro portão.
5 Em sete dias estará mais uma vez
de volta ao quarto portão, por onde sai o sol. Assim, observei suas posições e
a forma como nesses dias a lua nasce e o sol se põe. Juntando-se cinco anos, o
sol terá, em virtude daqueles ciclos, uma vantagem de trinta dias. Os dias
todos, contados os que se acrescentam aos dias plenos, perfazem 364 dias.
6 A vantagem do sol e das estrelas é
de seis dias; em cinco anos, com seis dias cada um, serão trinta dias; em
relação ao sol e às estrelas, a lua se atrasa trinta dias.
7 O sol e as estrelas são todos os
anos a tal ponto exatos que em nenhum dia se adiantam ou se atrasam nas suas
posições; ao contrário, todos eles perfazem o ciclo anual em precisamente 364
dias. Em três anos, serão 1.092 dias; em cinco anos, 1.820 dias e em oito anos,
2.912 dias.
8 Quanto à lua, três anos perfazem
1.062 dias e em cinco anos leva um atraso de cinqüenta dias, isto é, à soma de
1.770 devem ser acrescentados 1.000 mais 62 dias. Pois em oito anos ela se
atrasa oitenta dias; são oitenta os dias todos do seu atraso em oito anos.
9 O ano completa-se corretamente
segundo as estações do mundo e segundo as estações do sol, as quais têm sua
origem nos portões por onde o sol nasce e se põe pelo espaço de trinta dias.
Capítulo 75
Dias bissextos, as estrelas e a lua
1 Os comandantes dos Quiliarcos, que
foram estabelecidos sobre toda a criação e sobre todas as estrelas, têm igualmente
a ver com os quatro dias bissextos; pela sua função, eles estão intimamente
ligados à contagem do ano. Eles exercem a sua influência nos quatro dias que
devem ser acrescidos no cômputo do ano.
2 E por causa deles que os homens
erram nos cálculos. Eles cumprem a sua função exata nas estações do ano, um no
primeiro portão, outro no terceiro, outro no quarto e outro no sexto, e a
precisão do ano realiza-se por meio das 364 estações do mundo.
3 Pois o Anjo Uriel mostrou-me os
sinais e os tempos, os anos e os dias. Isso foi estabelecido pelo Senhor da
Glória, para sempre, sobre todas as luminárias celestes, tanto no céu como no
mundo, para que dominem no céu e sejam vistas na terra, e para que presidam o
dia e a noite, o sol, a lua e as estrelas, bem como todos os outros corpos
subalternos, que em todos os possíveis carros celestes realizam o seu circuito.
4 Uriel mostrou-me igualmente doze
aberturas de portas, circundando o carro celeste do sol, e por onde saem os
raios solares; delas procede ao calor sobre a terra, quando abertas no seu
tempo preestabelecido. Mostrou-me também os ventos e o espírito do orvalho,
quando são soltos e se espalham nos confins do céu.
5 No alto do céu, nos extremos do
mundo, eu vi doze portões, por onde saem o sol, a lua, as estrelas e todos os
outros corpos celestes, tanto no Oriente como no Ocidente. A direita e à
esquerda dessas portas há muitas aberturas de janelas; e uma janela produz
calor no seu devido tempo, de acordo com as portas por onde saem as estrelas,
da forma como Ele ordenou, e por onde, conforme seu número, desaparecem.
6 Eu vi no céu carros que se
movimentam por sobre aqueles portões, transportando aquelas estrelas que não
desaparecem jamais. E uma delas é maior do que todas as outras, abrangendo o
mundo todo.
Capítulo 76
A Rosa dos Ventos
1 Nos confins do mundo, eu vi doze
portas que se abriam em todas as direções; delas procedem os ventos que sopram
sobre a terra. Três delas abrem-se pelo lado da frente do céu, três para o
Ocidente, três para a direita do céu e três para a sua esquerda.
2 As três primeiras voltam-se para o
Oriente, três para o Norte, três à esquerda para o Sul e três para o Ocidente.
De quatro delas procedem ventos de bênção e de prosperidade e das oito
restantes, ventos perniciosos; quando estes são mandados, provocam devastações
sobre toda a terra, sobre suas águas e todos os seus habitantes, sobre todas as
coisas que se encontram na água e em terra firme.
3 O primeiro vento dessas portas
chama-se vento leste e procede da primeira porta oriental que se inclina para o
Sul; dele provêm a devastação, a seca, o calor e a destruição. Da segunda porta
do meio procede um vento favorável; ele traz a chuva e a fertilidade, o
bem-estar e o orvalho. Da terceira porta norte procedem o frio e a secura.
4 Depois, através de três portas,
vêm os ventos do Sul; em primeiro lugar, pela primeira porta voltada para o
Leste, sopra um vento quente. Através da vizinha porta do meio procedem os bons
aromas, o orvalho, a chuva, o bem-estar e a saúde. Da terceira porta, voltada
para o Oeste, procedem o orvalho, a chuva, os gafanhotos e a destruição.
5 Depois vêm os ventos do Norte; da
sétima porta, voltada para o Leste, chegam o orvalho, a chuva, os gafanhotos e
a destruição. Da porta situada exatamente no meio procedem a chuva, o orvalho,
a saúde e o bem-estar. Pela terceira porta, voltada para o Oeste, vêm a
neblina, a geada, a neve, o orvalho e os gafanhotos.
7 Em seguida vêm os ventos do Oeste;
pela primeira porta, voltada para o Norte, chegam o orvalho, a chuva, a geada,
o frio, a neve e as friagens. Da porta do meio procedem o orvalho, a chuva, a
prosperidade e a bênção; da última porta, voltada para o Sul, vêm a seca, a
devastação, os incêndios e a destruição.
8 Estas são as doze portas dos
quatro quadrantes celestes; mostrei-te, meu filho Matusalém, todas as suas
leis, pragas e benefícios.
Capítulo 77
Os quatro quadrantes celestes
1 A primeira região celeste chama-se
Oriente, por ser a da parte frontal. A segunda é o Sul, porque lá descerá o
Altíssimo; lá, especialmente, é que se apresenta o eternamente Louvado. O
Ocidente designa-se como subtração, pois lá todas as luminárias do céu diminuem
e desaparecem.
2 A quarta região chama-se Norte e
divide-se em três partes. A primeira serve aos homens como lugar de sua
habitação; a segunda.. compreende os mares de água, os vales, as matas, os
rios, as sombras e a neblina; a terceira constitui o Jardim da Justiça.
3 Eu vi sete montanhas altas,
maiores do que todas as demais da terra; delas procede a geada, e por elas
diminuem os dias, os períodos e os anos. Eu vi sete rios, que eram maiores do
que os outros da terra; um deles, a partir do Ocidente, derramava as suas águas
no grande mar.
4 Dois deles procedem do Norte, em
direção ao mar, e derramam suas águas no mar da Eritréia, ao Leste. Os quatro
restantes procedem do lado Norte e fluem para o seu mar próprio; dois no mar da
Eritréia e dois no grande mar; diz-se também: no Deserto. Eu vi sete ilhas
grandes, no mar e na terra firme; duas em terra e cinco no grande mar.
Capítulo 78
As fases da lua
1 Os nomes do sol são os seguintes:
o primeiro é Orjares e o segundo, Tomás. A lua tem quatro nomes: o primeiro é
Asonja, o segundo Ebla, o terceiro, Benase e o quarto, Erae. Esses são os dois
grandes luminares; a sua abrangência equivale à do céu, e o tamanho de ambos é
o mesmo.
2 No globo solar existem sete partes
de luz; elas superam a luz da lua, que, segundo medida exata, comporta apenas
uma sétima parte da luz do sol. Ao descerem, o sol e a lua chegam aos portões
do Ocidente, fazem o caminho de volta pelo Norte, para de novo nascerem nos
céus pelos portões do Oriente.
3 Quando a lua aparece, apresenta-se
no céu com a décima quarta parte da sua luz; mas em quatorze dias será lua
cheia. Atribuem-se-lhe também quinze partes, de sorte que a sua luz é plena
também no décimo quinto dia, por causa do sinal do ano. Assim, ela assume
quinze partes, quando então se toma lua cheia, com um décimo quarto de
acréscimo.
4 Ao diminuir, ela perde no primeiro
dia a décima quarta parte da sua luz, no segundo, a décima terceira, no
terceiro, a duodécima, no quarto, a undécima, no quinto, a décima, no sexto, a
nona, no sétimo, a oitava, no oitavo, a sétima, no nono, a sexta, no décimo, a
quinta, no undécimo, a quarta, no duodécimo, a terceira, no décimo terceiro, a
segunda, no décimo quarto, um décimo de quarto de toda a sua luz, e no décimo
quinto desaparece toda a sua luz restante. Em certos meses, a lua tem 29 dias,
e uma vez 28 dias.
5 Então Uriel mostrou-me uma lei
relativa, referente à lua quando banhada pela luz, e de que parte lhe vem a luz
solar. Durante todo o tempo em que a lua cresce em sua luz, ela aumenta,
estando por quatorze dias de frente para o sol, até tomar-se plena a sua
luminosidade no céu. No primeiro dia ela se chama lua nova, pois nesse dia a
luz começa a projetar-se nela.
6 Toma-se lua cheia exatamente no
dia em que o sol desce no Ocidente; quando já escuro, ela nasce e brilha
durante toda a noite, até que o sol se levante, de frente para ela, e ela é
vista de frente para o sol. Pelo lado em que a luz da lua avança, pelo mesmo
lado também começa a diminuir, até desaparecer toda a sua luz, ao final de
todos os dias do mês, e seu disco se tomar vazio e desprovido de luz.
7 Em três dos seus meses, a lua tem
trinta dias e, em época determinada, há três meses de vinte e nove dias, nos
quais efetua a sua diminuição no primeiro período, exatamente no primeiro
portão, comportando isso 177 dias. No período do seu decréscimo, em três meses
brilha trinta dias, e em três meses, 29 dias. De noite, ela aparece por uns
vinte dias como um homem; de dia, ela se assemelha ao céu, pois nela não há
nada além da sua luz.
Capítulo 79
1 E assim, meu filho Matusalém, eu
te mostrei tudo, e a descrição das leis dos corpos celestes chegou ao fim. Ele
revelou-me todas as suas leis relativas a cada dia, a cada período de
dominação, a cada ano com o seu término, bem como a ordem preestabelecida para
cada mês e para cada semana; e a par disso o minguar da lua, que ocorre no
sexto portão, pois nesse portão a sua luz é cheia, começando em seguida o seu
decréscimo.
2 O declínio, que a seu tempo começa
no primeiro portão, tem a duração de 177 dias, calculados em 25 semanas e dois
dias. Ela se atrasa em relação ao sol e à ordem das estrelas exatamente cinco
dias a cada período, quando bem medido esse espaço, como vês. Essa é a imagem e
o retrato de cada um dos corpos luminosos como foi-me mostrado pelo seu
dirigente, o Arcanjo Uriel.
Capítulo 80
A influência sobre a natureza
1 Naqueles dias, falou-me o Anjo:
"Eu te mostrei tudo, Enoque, e tudo te revelei para que pudesses
contemplar esse sol e essa lua, bem como as constelações dirigentes das
estrelas do céu, e todas as que as fazem girar, suas funções, seus tempos e
seus ocasos.
2 "Nos dias do pecado, os anos
ficarão mais curtos; as sementeiras atrasar-se-ão nas terras e nos campos;
todas as coisas alterar-se-ão sobre a terra, e não acontecerão mais no seu
devido tempo; a chuva desaparecerá e o céu se fechará.
3 "Naqueles dias tardarão os
frutos da terra, não se desenvolvendo a seu tempo; igualmente as frutas das
árvores sofrerão atraso no seu tempo. A luz alterará a sua ordem, deixando de
aparecer com sua regularidade. Naqueles dias, ver-se-á o sol da tarde andando
no último grande carro em direção ao Ocidente e brilhando mais forte do que
normalmente.
4 "Muitas estrelas-líderes
transgredirão a ordem, alterarão os seus cursos e funções, não mais aparecendo
no seu tempo predeterminado. Toda a ordem das estrelas será obstruída pelos
pecadores, e os pensamentos dos habitantes da terra incorrerão em erro por
causa deles; desertarão de todos os seus caminhos; ficarão totalmente perdidos
e considerarão os pecadores como deuses.
5 "Recrudescerá a sua desgraça
e sobrevirão pragas que a todos haverão de destruir."
Capítulo 81
Fim das viagens de Enoque
1 Ele falou-me: "Observa,
Enoque, estas tabelas celestes! Lê o que nelas está escrito e atenta para cada
detalhe!" Então eu contemplei as tabelas celestes, observando tudo o que
nelas continha; e li o livro sobre as ações dos homens e de todos os filhos da
carne que estarão sobre a terra até a última geração.
2 A seguir, louvei o grande Senhor,
o Rei Eterno da Glória, por ter Ele criado todas as maravilhas do mundo. Dei
glórias também ao Senhor por sua magnanimidade e por causa dos filhos dos homens.
Então eu disse: "Feliz o homem que morre na retidão e no bem, e sobre o
qual não foi escrito nenhum livro de injustiça, e contra o qual não foi marcado
um dia de julgamento".
3 Então aqueles sete Santos
tomaram-me e colocaram-me sobre a terra, diante das portas da minha casa,
dizendo as seguintes palavras: "Anuncia tudo ao teu filho Matusalém e
mostra a todos os teus filhos que diante do Senhor nenhuma carne tem
merecimento, pois é Ele o seu Criador!
4 "Deixar-te-emos ficar ainda
um ano junto dos teus filhos, até que tenhas transmitido as tuas últimas
instruções; deverás ensiná-las aos teus filhos, escrevê-las para eles, para a
todos confirmar. No segundo ano serás retirado do seu meio. Que seja forte o
teu coração! Pois os bons anunciarão a Justiça aos bons; o justo alegrar-se-á
com o justo, e mutuamente felicitar-se-ão.
5 "Os pecadores, porém, ficarão
com os pecadores, e os desertores perder-se-ão com os desertores. Aqueles que
praticam a Justiça morrerão por causa das obras dos homens e serão levados por
causa dos atos dos ímpios. Naqueles dias eles encerrarão suas palavras comigo,
e eu chegarei junto do meu povo e louvarei o Senhor do mundo."
Capítulo 82
Fim do Livro Astronômico
1 Portanto, meu filho Matusalém,
relatei-te tudo isso e tudo escrevi para teu uso; revelei tudo e passei às tuas
mãos os livros contendo todas essas coisas. Meu filho Matusalém! Guarda os
livros recebidos do teu pai e transmite-os às gerações do mundo! Eu transmiti a
sabedoria a ti e ao teu filho, bem como aos teus demais descendentes, para que
eles a transmitam aos seus filhos por todos os tempos; e essa sabedoria supera
os seus pensamentos.
2 Mas aqueles que a entendem não
dormirão e terão ouvidos atentos para compreender tal sabedoria, e ela será,
para os que a desfrutarem, mais deliciosa que todas as iguarias.
3 Felizes são todos os justos;
abençoados todos aqueles que andam nas sendas da Justiça e não pecam, como
fazem os pecadores em todos os dias da sua vida, enquanto o sol caminha no céu,
nasce e se põe nos portões durante trinta dias, com os quiliarcos da ordem
estelar, incluídos os quatro dias que se intercalam e que dividem os quatro
períodos do ano; esses dias comandam os períodos e integram-nos pelo tempo de
quatro dias.
4 E por causa deles que os homens
erram ao não incluí-los no cômputo total do ano; sim, os homens enganam-se por
causa deles, por não os conhecerem com exatidão. Eles pertencem à contagem do
ano e estão fielmente consignados para sempre, um no primeiro portão, outro no
terceiro, outro no quarto, e o último, no sexto; assim o ano se completa em 364
dias.
5 O relato acima é fiel, e a conta
apresentada é exata, pois Uriel mostrou-me e revelou-me o curso dos astros, os
meses, os períodos dominantes, os anos e os dias, pois, segundo me foi dado
saber, o Senhor de toda a criação concedeu-lhe o poder sobre as legiões
celestes. Ele exerce o comando sobre a noite e sobre o dia, nos céus, para que
o sol, a lua e as estrelas, e todas as potências celestes que giram ao seu
redor, derramem a sua luz sobre os homens.
6 Essa é a ordenação dos astros que,
nos seus devidos lugares, tempos, predomínios e meses descem no Ocidente. Vêm a
seguir os nomes dos seus líderes, que velam por eles para que a seu tempo
cumpram os seus regulamentos, tempos, meses, períodos de apogeu e estações.
7 Primeiro entram os quatro
dirigentes que dividem as quatro estações do ano; em seguida vêm os doze
dirigentes que repartem os meses, sendo os quiliarcos responsáveis pela divisão
de 360 dias. Os dirigentes das quatro estações são os responsáveis pelos quatro
dias bissextos.
8 Os quiliarcos inserem-se entre um
dirigente e outro, cada um atrás de uma estação; mas são os seus dirigentes que
realizam a divisão. Estes são os nomes dos dirigentes que repartem o ano em
quatro períodos: Milkiel, Helemmelek, Melejal e Narel. Os nomes dos que são por
eles comandados são: Adnarel, Ijasusael e Elomeel; esses três seguem os
taxiarcos, e estes os toparcos, que dividem as quatro estações do ano.
9 No princípio do ano apresenta-se
antes de todos Melkejal, e é ele quem assume o comando; ele se chama também
Tamaani e Sol; os dias em que ele predomina, e dirige, são ao todo 91. E são os
seguintes os sinais do dia que se mostram durante seu predomínio sobre a terra:
suor, calor e ânsia. Todas as plantas carregam seus frutos e todas as árvores
estão cobertas de folhas; é o tempo da colheita do trigo e do florir das rosas.
Todas as flores desabrocham no campo; mas as plantas de inverno fenecem.
10 Os nomes dos seus subordinados
são os seguintes: Berkael, Zelebseel e um outro que foi acrescentado aos
quiliarcos e se chama Hilujaseph. E assim se encerram os dias de predomínio
desses dirigentes. O próximo dirigente, após eles, é Helemmelek, que também se
denomina Sol Brilhante e cujo período de esplendor perfaz ao todo 91 dias.
11 Os seus sinais sobre a terra são
os seguinte: calor intenso e secura. As plantas amadurecem os seus frutos e
deixam-nos cair rapidamente; as ovelhas cruzam e ficam prenhes; todos os frutos
da terra são recolhidos, assim como tudo o que cresce nos campos; e também o
vinho é guardado. E isso o que acontece nos dias do seu predomínio.
12 Os nomes e a ordem dos dirigentes dos quiliarcos: Gidaijal, Keel e Heel, e o nome do quiliarco que a eles se junta é Asphael. E com isso encerram-se os dias do seu predomínio.
Enoque (ou Enoch) – חנוך, Chanoch ou Hanokh – é o nome dado a um dos personagens bíblicos mais peculiares e misteriosos das Escrituras. Nasceu, segundo os escritos judeus, na sétima geração depois de Adão, sendo filho de Jarede, e pai de Matusalém.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Enoque_(antepassado_de_No%C3%A9)
NOTA: Em verdade vos digo, que este texto a de ser lido não com os olhos da carne, mais sim com os do espirito, deve-se ler com inspiração, pois aquele que de modo diferente o fizer, mais lhe será a sua confusão. Aquele que confuso se fizer e boa vontade tiver em seu intendimento, que em busca da verdade saias, porque certamente esta lhe virá a seu encontro...
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