domingo, 21 de novembro de 2021

Livro de Enoque (3ª Parte)



            (2ª Parte) 

Terceira Parte - O Livro Astronômico            

            Capítulo 72

            O Sol

            1 Livro do curso das luminárias celestes, dos relacionamentos de cada uma segundo as suas classificações, do seu domínio e dos seus tempos, segundo o seu nome, lugar de origem e meses, que me foram mostrados pelo seu dirigente e meu acompanhante, o santo Anjo Uriel. Ele mostrou-me também como se comportam em regime constante as suas leis e períodos anuais, até que seja criada a nova ordem que haverá de durar eternamente.

            2 A primeira lei das luminárias é a seguinte: a luz do sol levanta-se nas portas do céu do Oriente e desce nas portas do céu do Ocidente. Eu vi seis portões por onde o sol se levanta, e seis por onde se põe; também a luz sobe e desce por aqueles portões, e da mesma forma fazem as estrelas-líderes e as suas lideradas; seis ao Leste e seis ao Oeste, e todas seguem em perfeita ordem umas em relação às outras. A direita e à esquerda daqueles portões há muitas janelas.

            3 Primeiro se apresenta a grande luminária, o sol; a sua forma esférica assemelha-se à do céu; ela está preenchida de fogo brilhante e calorífico. Os carros que o levam são conduzidos pelo vento. Ao descer, o sol desaparece do céu e volta ao Oriente pelo Norte, sendo conduzido de tal sorte a chegar àquele portão determinado, para então voltar a brilhar no céu.

            4 Dessa forma, no primeiro mês ele sai pelo portão grande; é o quarto dos seis portões do Oriente. Naquele quarto portão, por onde o sol se levanta no primeiro mês, encontram-se doze aberturas de janelas, por onde sai uma chama de fogo, quando a seu tempo forem abertas.

            5 Ao levantar-se o sol no céu, ele sai pelo quarto portão durante o período de trinta manhãs e dirige-se diretamente ao quarto portão celeste ocidental, para nele desaparecer. Naqueles dias as jornadas são mais longas e as noites mais curtas, até à trigésima manhã.

            6 Nesse dia, a jornada é duas partes mais longa do que a noite, contendo o dia exatamente dez partes, e a noite, oito. O sol, portanto, sobe por aquele quarto portão, e pelo quarto desce; depois disso, ele passa para o quinto portão oriental, pelo período de trinta manhãs; por esse portão se levanta e pelo quinto portão desce.

            7 Então o dia fica duas partes mais longo, comportando onze partes; a noite, porém, fica mais curta, comportando sete partes. Após isso, no seu retorno ao Oriente, o sol chega ao sexto portão; por esse sexto portão se levanta e se põe, pelo período de trinta e um dias, por causa do seu sinal (solstício do verão).

            8 Naquele dia, a jornada será mais longa do que a noite, e o dia comporta o dobro da noite; ele compõe-se então de doze partes, e a noite fica mais curta, compondo-se de seis partes.

            9 O sol então prossegue, fazendo com que o dia seja mais curto e a noite mais longa; quando volta ao Oriente, ele entra no sexto portão, e por ele sobe e desce, pelo período de trinta manhãs. Passadas as trinta manhãs, o dia perde exatamente uma das suas partes, comportando então onze partes, e a noite, sete.

            10 Após isso, o sol sai daquele sexto portão do Ocidente, volta ao Oriente e entra pelo quinto portão, pelo período de trinta manhãs, e pelo quinto portão desce no Ocidente. Naquele dia, a jornada perde duas de suas partes; o dia então abrange dez partes e a noite, oito.

            11 Assim, o sol sai pelo quinto portão e entra pelo quinto portão ocidental; depois disso ele sai pelo quarto portão pelo período de trinta e um dias, por causa do sinal, e desce no Ocidente. Naquele dia, a jornada é igual à noite; tem a mesma duração, comportando a noite nove partes, e o dia, outro tanto.

            12 Assim o sol se levanta daquele portão e desce no Ocidente; depois ele volta ao Oriente, para sair do terceiro portão pelo período de trinta manhãs, descendo no terceiro portão ocidental.

            13 Naquele dia, a noite será mais longa do que o dia, sendo mais longa do que as noites usuais, e a jornada mais curta do que as jornadas habituais; e isso até à trigésima manhã, comportando então a noite exatamente dez partes, e o dia, oito.

            14 Dessa forma, o sol se levanta do terceiro portão, desce no terceiro ocidental e toma ao Oriente; depois disso, ele passa a aparecer pelo segundo portão oriental, durante trinta manhãs, e desce igualmente no segundo portão celeste ocidental. Nesse dia, a noite terá onze partes, e o dia, sete.

            15 Nesse dia, o sol se levanta pelo segundo portão, e no segundo ocidental se põe; depois toma ao Oriente, voltando ao primeiro portão pelo espaço de trinta e um dias, e descendo no primeiro portão ocidental. Nesse dia, a noite será mais longa e comporta o dobro do dia; ela envolve exatamente doze partes, e o dia, seis.

            16 O sol terá então completado o seu período principal, e nesse momento inicia o retomo sobre o mesmo período; pelo espaço de trinta manhãs ele aparece por aquele portão e desce igualmente no Ocidente, no que lhe está defronte. Nesse dia, a duração da noite será uma parte mais curta, comportando onze partes, e o dia, sete.

            17 O sol, então, no seu retomo, chega ao segundo portão oriental, fazendo o caminho de volta do seu período; por esse portão sobe e desce durante trinta dias. Nesse dia, a noite terá duração mais curta; comportará dez partes, e o dia, oito.

            18 Nesse dia o sol aparecerá pelo segundo portão e descerá pelo portão ocidental correspondente. Então volta ao Oriente, para aparecer pelo terceiro portão, pelo espaço de trinta e um dias, descendo no céu ocidental correspondente.

            19 Nesse dia, a noite estará diminuída, comportando nove partes; e o dia e a noite terão igual duração. Dessa forma, o ano comporta exatamente 364 dias.

            20 O comprimento do dia e da noite, bem como a brevidade do dia e da noite são determinados na sua diferenciação pelo percurso do sol. Por isso, o seu curso diário fica a cada noite mais curto.

            21 E esta a lei, e este é o percurso do sol e o seu retomo. Por sessenta vezes ele volta, para de novo aparecer; e ele é o grande luminar, por todos os tempos.

            22 Esse que assim surge é o grande luminar, e assim se chama por causa da sua aparência, por determinação do Senhor. Assim como se levanta, assim também desce; ele não diminui nem descansa, mas caminha dia e noite, e a sua luz é sete vezes mais brilhante do que a da lua. Em tamanho, porém, ambos são iguais.

 

            Capítulo 73

            A Lua

            1 Depois dessa lei, eu vi outra, referente ao luminar pequeno, que é a lua. O alcance do seu giro é equivalente ao do céu; o carro sobre o qual ela anda é conduzido pelo vento e a luz lhe é proporcionada segundo medidas.

            2 A cada mês alteram-se seu nascimento e seu ocaso; seus dias são semelhantes ao dias solares, e quando sua lua é uniforme, comporta uma sétima parte da luz do sol.

            3 E assim que ela se apresenta: sua primeira fase aparece no Oriente na trigésima manhã; nesse dia ela fica visível, e assim começa para vós a primeira fase da lua, no trigésimo dia, aparecendo juntamente com o sol, pelo mesmo portão.

            4 Ela mostra então uma sétima parte de uma das suas metades, e todo o restante do seu disco é vazio e sem luz, à exceção de um sétimo e um quarto de sétimo da metade da sua luz.

            5 Quando ela recebe um sétimo da metade da sua luz. então a sua luminosidade comporta um sétimo e a metade de um sétimo. Ela se põe juntamente com o sol; e quando o sol se levanta, levanta-se também a luz, e recebe a metade de uma das partes da luz. E naquela noite, no início da sua manhã no princípio do seu período, ela põe-se juntamente com o sol, e na mesma noite ela fica invisível nas quatorze partes e metade de uma.

            6 Naqueles dias, ela brilha com um sétimo do seu todo, levanta, principia a afastar-se do sol e nos dias restantes deixa brilharem as outras treze partes.

 

            Capítulo 74

            1 Então eu vi também um outro movimento e sua lei, pelo qual ela cumpre o seu ciclo mensal. O santo Anjo Uriel, que preside a todas as luminárias, mostrou-me tudo, e eu anotei as suas posições da forma como ele me explicava; anotei também os seus meses, da forma como eram, e as manifestações da sua luz, no decurso de quinze dias.

            2 A cada dia dos sete primeiros ela cresce, até tornar-se plena a sua luz; e a cada dia dos sete seguintes ela míngua, até tornar-se completamente invisível no Ocidente. Em determinados meses, ela altera o seu ocaso, e em determinados meses percorre o seu curso próprio.

            3 Em dois meses a lua desce com o sol nos dois portões do meio, o terceiro e o quarto. Durante sete dias ela se levanta, para retomar àquele portão em que nasce o sol; a sua luz então estará cheia. Vagarosamente ela retrocede em relação ao sol, e chega no oitavo dia ao sexto portão, por onde se levanta o sol.

            4 Quando o sol está nascendo no quarto portão, a lua se levanta por sete dias, até chegar a sair pelo quinto portão; depois, em sete dias, volta ao quarto portão, faz a sua luz cheia, e então ela volta e no decurso de oito dias estará no primeiro portão.

            5 Em sete dias estará mais uma vez de volta ao quarto portão, por onde sai o sol. Assim, observei suas posições e a forma como nesses dias a lua nasce e o sol se põe. Juntando-se cinco anos, o sol terá, em virtude daqueles ciclos, uma vantagem de trinta dias. Os dias todos, contados os que se acrescentam aos dias plenos, perfazem 364 dias.

            6 A vantagem do sol e das estrelas é de seis dias; em cinco anos, com seis dias cada um, serão trinta dias; em relação ao sol e às estrelas, a lua se atrasa trinta dias.

            7 O sol e as estrelas são todos os anos a tal ponto exatos que em nenhum dia se adiantam ou se atrasam nas suas posições; ao contrário, todos eles perfazem o ciclo anual em precisamente 364 dias. Em três anos, serão 1.092 dias; em cinco anos, 1.820 dias e em oito anos, 2.912 dias.

            8 Quanto à lua, três anos perfazem 1.062 dias e em cinco anos leva um atraso de cinqüenta dias, isto é, à soma de 1.770 devem ser acrescentados 1.000 mais 62 dias. Pois em oito anos ela se atrasa oitenta dias; são oitenta os dias todos do seu atraso em oito anos.

            9 O ano completa-se corretamente segundo as estações do mundo e segundo as estações do sol, as quais têm sua origem nos portões por onde o sol nasce e se põe pelo espaço de trinta dias.

 

            Capítulo 75

            Dias bissextos, as estrelas e a lua

            1 Os comandantes dos Quiliarcos, que foram estabelecidos sobre toda a criação e sobre todas as estrelas, têm igualmente a ver com os quatro dias bissextos; pela sua função, eles estão intimamente ligados à contagem do ano. Eles exercem a sua influência nos quatro dias que devem ser acrescidos no cômputo do ano.

            2 E por causa deles que os homens erram nos cálculos. Eles cumprem a sua função exata nas estações do ano, um no primeiro portão, outro no terceiro, outro no quarto e outro no sexto, e a precisão do ano realiza-se por meio das 364 estações do mundo.

            3 Pois o Anjo Uriel mostrou-me os sinais e os tempos, os anos e os dias. Isso foi estabelecido pelo Senhor da Glória, para sempre, sobre todas as luminárias celestes, tanto no céu como no mundo, para que dominem no céu e sejam vistas na terra, e para que presidam o dia e a noite, o sol, a lua e as estrelas, bem como todos os outros corpos subalternos, que em todos os possíveis carros celestes realizam o seu circuito.

            4 Uriel mostrou-me igualmente doze aberturas de portas, circundando o carro celeste do sol, e por onde saem os raios solares; delas procede ao calor sobre a terra, quando abertas no seu tempo preestabelecido. Mostrou-me também os ventos e o espírito do orvalho, quando são soltos e se espalham nos confins do céu.

            5 No alto do céu, nos extremos do mundo, eu vi doze portões, por onde saem o sol, a lua, as estrelas e todos os outros corpos celestes, tanto no Oriente como no Ocidente. A direita e à esquerda dessas portas há muitas aberturas de janelas; e uma janela produz calor no seu devido tempo, de acordo com as portas por onde saem as estrelas, da forma como Ele ordenou, e por onde, conforme seu número, desaparecem.

            6 Eu vi no céu carros que se movimentam por sobre aqueles portões, transportando aquelas estrelas que não desaparecem jamais. E uma delas é maior do que todas as outras, abrangendo o mundo todo.

 

            Capítulo 76

            A Rosa dos Ventos

            1 Nos confins do mundo, eu vi doze portas que se abriam em todas as direções; delas procedem os ventos que sopram sobre a terra. Três delas abrem-se pelo lado da frente do céu, três para o Ocidente, três para a direita do céu e três para a sua esquerda.

            2 As três primeiras voltam-se para o Oriente, três para o Norte, três à esquerda para o Sul e três para o Ocidente. De quatro delas procedem ventos de bênção e de prosperidade e das oito restantes, ventos perniciosos; quando estes são mandados, provocam devastações sobre toda a terra, sobre suas águas e todos os seus habitantes, sobre todas as coisas que se encontram na água e em terra firme.

            3 O primeiro vento dessas portas chama-se vento leste e procede da primeira porta oriental que se inclina para o Sul; dele provêm a devastação, a seca, o calor e a destruição. Da segunda porta do meio procede um vento favorável; ele traz a chuva e a fertilidade, o bem-estar e o orvalho. Da terceira porta norte procedem o frio e a secura.

            4 Depois, através de três portas, vêm os ventos do Sul; em primeiro lugar, pela primeira porta voltada para o Leste, sopra um vento quente. Através da vizinha porta do meio procedem os bons aromas, o orvalho, a chuva, o bem-estar e a saúde. Da terceira porta, voltada para o Oeste, procedem o orvalho, a chuva, os gafanhotos e a destruição.

            5 Depois vêm os ventos do Norte; da sétima porta, voltada para o Leste, chegam o orvalho, a chuva, os gafanhotos e a destruição. Da porta situada exatamente no meio procedem a chuva, o orvalho, a saúde e o bem-estar. Pela terceira porta, voltada para o Oeste, vêm a neblina, a geada, a neve, o orvalho e os gafanhotos.

            7 Em seguida vêm os ventos do Oeste; pela primeira porta, voltada para o Norte, chegam o orvalho, a chuva, a geada, o frio, a neve e as friagens. Da porta do meio procedem o orvalho, a chuva, a prosperidade e a bênção; da última porta, voltada para o Sul, vêm a seca, a devastação, os incêndios e a destruição.

            8 Estas são as doze portas dos quatro quadrantes celestes; mostrei-te, meu filho Matusalém, todas as suas leis, pragas e benefícios.

 

            Capítulo 77

            Os quatro quadrantes celestes

            1 A primeira região celeste chama-se Oriente, por ser a da parte frontal. A segunda é o Sul, porque lá descerá o Altíssimo; lá, especialmente, é que se apresenta o eternamente Louvado. O Ocidente designa-se como subtração, pois lá todas as luminárias do céu diminuem e desaparecem.

            2 A quarta região chama-se Norte e divide-se em três partes. A primeira serve aos homens como lugar de sua habitação; a segunda.. compreende os mares de água, os vales, as matas, os rios, as sombras e a neblina; a terceira constitui o Jardim da Justiça.

            3 Eu vi sete montanhas altas, maiores do que todas as demais da terra; delas procede a geada, e por elas diminuem os dias, os períodos e os anos. Eu vi sete rios, que eram maiores do que os outros da terra; um deles, a partir do Ocidente, derramava as suas águas no grande mar.

            4 Dois deles procedem do Norte, em direção ao mar, e derramam suas águas no mar da Eritréia, ao Leste. Os quatro restantes procedem do lado Norte e fluem para o seu mar próprio; dois no mar da Eritréia e dois no grande mar; diz-se também: no Deserto. Eu vi sete ilhas grandes, no mar e na terra firme; duas em terra e cinco no grande mar.

 

            Capítulo 78

            As fases da lua

            1 Os nomes do sol são os seguintes: o primeiro é Orjares e o segundo, Tomás. A lua tem quatro nomes: o primeiro é Asonja, o segundo Ebla, o terceiro, Benase e o quarto, Erae. Esses são os dois grandes luminares; a sua abrangência equivale à do céu, e o tamanho de ambos é o mesmo.

            2 No globo solar existem sete partes de luz; elas superam a luz da lua, que, segundo medida exata, comporta apenas uma sétima parte da luz do sol. Ao descerem, o sol e a lua chegam aos portões do Ocidente, fazem o caminho de volta pelo Norte, para de novo nascerem nos céus pelos portões do Oriente.

            3 Quando a lua aparece, apresenta-se no céu com a décima quarta parte da sua luz; mas em quatorze dias será lua cheia. Atribuem-se-lhe também quinze partes, de sorte que a sua luz é plena também no décimo quinto dia, por causa do sinal do ano. Assim, ela assume quinze partes, quando então se toma lua cheia, com um décimo quarto de acréscimo.

            4 Ao diminuir, ela perde no primeiro dia a décima quarta parte da sua luz, no segundo, a décima terceira, no terceiro, a duodécima, no quarto, a undécima, no quinto, a décima, no sexto, a nona, no sétimo, a oitava, no oitavo, a sétima, no nono, a sexta, no décimo, a quinta, no undécimo, a quarta, no duodécimo, a terceira, no décimo terceiro, a segunda, no décimo quarto, um décimo de quarto de toda a sua luz, e no décimo quinto desaparece toda a sua luz restante. Em certos meses, a lua tem 29 dias, e uma vez 28 dias.

            5 Então Uriel mostrou-me uma lei relativa, referente à lua quando banhada pela luz, e de que parte lhe vem a luz solar. Durante todo o tempo em que a lua cresce em sua luz, ela aumenta, estando por quatorze dias de frente para o sol, até tomar-se plena a sua luminosidade no céu. No primeiro dia ela se chama lua nova, pois nesse dia a luz começa a projetar-se nela.

            6 Toma-se lua cheia exatamente no dia em que o sol desce no Ocidente; quando já escuro, ela nasce e brilha durante toda a noite, até que o sol se levante, de frente para ela, e ela é vista de frente para o sol. Pelo lado em que a luz da lua avança, pelo mesmo lado também começa a diminuir, até desaparecer toda a sua luz, ao final de todos os dias do mês, e seu disco se tomar vazio e desprovido de luz.

            7 Em três dos seus meses, a lua tem trinta dias e, em época determinada, há três meses de vinte e nove dias, nos quais efetua a sua diminuição no primeiro período, exatamente no primeiro portão, comportando isso 177 dias. No período do seu decréscimo, em três meses brilha trinta dias, e em três meses, 29 dias. De noite, ela aparece por uns vinte dias como um homem; de dia, ela se assemelha ao céu, pois nela não há nada além da sua luz.

 

            Capítulo 79

            1 E assim, meu filho Matusalém, eu te mostrei tudo, e a descrição das leis dos corpos celestes chegou ao fim. Ele revelou-me todas as suas leis relativas a cada dia, a cada período de dominação, a cada ano com o seu término, bem como a ordem preestabelecida para cada mês e para cada semana; e a par disso o minguar da lua, que ocorre no sexto portão, pois nesse portão a sua luz é cheia, começando em seguida o seu decréscimo.

            2 O declínio, que a seu tempo começa no primeiro portão, tem a duração de 177 dias, calculados em 25 semanas e dois dias. Ela se atrasa em relação ao sol e à ordem das estrelas exatamente cinco dias a cada período, quando bem medido esse espaço, como vês. Essa é a imagem e o retrato de cada um dos corpos luminosos como foi-me mostrado pelo seu dirigente, o Arcanjo Uriel.

 

            Capítulo 80

            A influência sobre a natureza

            1 Naqueles dias, falou-me o Anjo: "Eu te mostrei tudo, Enoque, e tudo te revelei para que pudesses contemplar esse sol e essa lua, bem como as constelações dirigentes das estrelas do céu, e todas as que as fazem girar, suas funções, seus tempos e seus ocasos.

            2 "Nos dias do pecado, os anos ficarão mais curtos; as sementeiras atrasar-se-ão nas terras e nos campos; todas as coisas alterar-se-ão sobre a terra, e não acontecerão mais no seu devido tempo; a chuva desaparecerá e o céu se fechará.

            3 "Naqueles dias tardarão os frutos da terra, não se desenvolvendo a seu tempo; igualmente as frutas das árvores sofrerão atraso no seu tempo. A luz alterará a sua ordem, deixando de aparecer com sua regularidade. Naqueles dias, ver-se-á o sol da tarde andando no último grande carro em direção ao Ocidente e brilhando mais forte do que normalmente.

            4 "Muitas estrelas-líderes transgredirão a ordem, alterarão os seus cursos e funções, não mais aparecendo no seu tempo predeterminado. Toda a ordem das estrelas será obstruída pelos pecadores, e os pensamentos dos habitantes da terra incorrerão em erro por causa deles; desertarão de todos os seus caminhos; ficarão totalmente perdidos e considerarão os pecadores como deuses.

            5 "Recrudescerá a sua desgraça e sobrevirão pragas que a todos haverão de destruir."

 

            Capítulo 81

            Fim das viagens de Enoque

            1 Ele falou-me: "Observa, Enoque, estas tabelas celestes! Lê o que nelas está escrito e atenta para cada detalhe!" Então eu contemplei as tabelas celestes, observando tudo o que nelas continha; e li o livro sobre as ações dos homens e de todos os filhos da carne que estarão sobre a terra até a última geração.

            2 A seguir, louvei o grande Senhor, o Rei Eterno da Glória, por ter Ele criado todas as maravilhas do mundo. Dei glórias também ao Senhor por sua magnanimidade e por causa dos filhos dos homens. Então eu disse: "Feliz o homem que morre na retidão e no bem, e sobre o qual não foi escrito nenhum livro de injustiça, e contra o qual não foi marcado um dia de julgamento".

            3 Então aqueles sete Santos tomaram-me e colocaram-me sobre a terra, diante das portas da minha casa, dizendo as seguintes palavras: "Anuncia tudo ao teu filho Matusalém e mostra a todos os teus filhos que diante do Senhor nenhuma carne tem merecimento, pois é Ele o seu Criador!

            4 "Deixar-te-emos ficar ainda um ano junto dos teus filhos, até que tenhas transmitido as tuas últimas instruções; deverás ensiná-las aos teus filhos, escrevê-las para eles, para a todos confirmar. No segundo ano serás retirado do seu meio. Que seja forte o teu coração! Pois os bons anunciarão a Justiça aos bons; o justo alegrar-se-á com o justo, e mutuamente felicitar-se-ão.

            5 "Os pecadores, porém, ficarão com os pecadores, e os desertores perder-se-ão com os desertores. Aqueles que praticam a Justiça morrerão por causa das obras dos homens e serão levados por causa dos atos dos ímpios. Naqueles dias eles encerrarão suas palavras comigo, e eu chegarei junto do meu povo e louvarei o Senhor do mundo."

 

            Capítulo 82

            Fim do Livro Astronômico

            1 Portanto, meu filho Matusalém, relatei-te tudo isso e tudo escrevi para teu uso; revelei tudo e passei às tuas mãos os livros contendo todas essas coisas. Meu filho Matusalém! Guarda os livros recebidos do teu pai e transmite-os às gerações do mundo! Eu transmiti a sabedoria a ti e ao teu filho, bem como aos teus demais descendentes, para que eles a transmitam aos seus filhos por todos os tempos; e essa sabedoria supera os seus pensamentos.

            2 Mas aqueles que a entendem não dormirão e terão ouvidos atentos para compreender tal sabedoria, e ela será, para os que a desfrutarem, mais deliciosa que todas as iguarias.

            3 Felizes são todos os justos; abençoados todos aqueles que andam nas sendas da Justiça e não pecam, como fazem os pecadores em todos os dias da sua vida, enquanto o sol caminha no céu, nasce e se põe nos portões durante trinta dias, com os quiliarcos da ordem estelar, incluídos os quatro dias que se intercalam e que dividem os quatro períodos do ano; esses dias comandam os períodos e integram-nos pelo tempo de quatro dias.

            4 E por causa deles que os homens erram ao não incluí-los no cômputo total do ano; sim, os homens enganam-se por causa deles, por não os conhecerem com exatidão. Eles pertencem à contagem do ano e estão fielmente consignados para sempre, um no primeiro portão, outro no terceiro, outro no quarto, e o último, no sexto; assim o ano se completa em 364 dias.

            5 O relato acima é fiel, e a conta apresentada é exata, pois Uriel mostrou-me e revelou-me o curso dos astros, os meses, os períodos dominantes, os anos e os dias, pois, segundo me foi dado saber, o Senhor de toda a criação concedeu-lhe o poder sobre as legiões celestes. Ele exerce o comando sobre a noite e sobre o dia, nos céus, para que o sol, a lua e as estrelas, e todas as potências celestes que giram ao seu redor, derramem a sua luz sobre os homens.

            6 Essa é a ordenação dos astros que, nos seus devidos lugares, tempos, predomínios e meses descem no Ocidente. Vêm a seguir os nomes dos seus líderes, que velam por eles para que a seu tempo cumpram os seus regulamentos, tempos, meses, períodos de apogeu e estações.

            7 Primeiro entram os quatro dirigentes que dividem as quatro estações do ano; em seguida vêm os doze dirigentes que repartem os meses, sendo os quiliarcos responsáveis pela divisão de 360 dias. Os dirigentes das quatro estações são os responsáveis pelos quatro dias bissextos.

            8 Os quiliarcos inserem-se entre um dirigente e outro, cada um atrás de uma estação; mas são os seus dirigentes que realizam a divisão. Estes são os nomes dos dirigentes que repartem o ano em quatro períodos: Milkiel, Helemmelek, Melejal e Narel. Os nomes dos que são por eles comandados são: Adnarel, Ijasusael e Elomeel; esses três seguem os taxiarcos, e estes os toparcos, que dividem as quatro estações do ano.

            9 No princípio do ano apresenta-se antes de todos Melkejal, e é ele quem assume o comando; ele se chama também Tamaani e Sol; os dias em que ele predomina, e dirige, são ao todo 91. E são os seguintes os sinais do dia que se mostram durante seu predomínio sobre a terra: suor, calor e ânsia. Todas as plantas carregam seus frutos e todas as árvores estão cobertas de folhas; é o tempo da colheita do trigo e do florir das rosas. Todas as flores desabrocham no campo; mas as plantas de inverno fenecem.

            10 Os nomes dos seus subordinados são os seguintes: Berkael, Zelebseel e um outro que foi acrescentado aos quiliarcos e se chama Hilujaseph. E assim se encerram os dias de predomínio desses dirigentes. O próximo dirigente, após eles, é Helemmelek, que também se denomina Sol Brilhante e cujo período de esplendor perfaz ao todo 91 dias.

            11 Os seus sinais sobre a terra são os seguinte: calor intenso e secura. As plantas amadurecem os seus frutos e deixam-nos cair rapidamente; as ovelhas cruzam e ficam prenhes; todos os frutos da terra são recolhidos, assim como tudo o que cresce nos campos; e também o vinho é guardado. E isso o que acontece nos dias do seu predomínio.

            12 Os nomes e a ordem dos dirigentes dos quiliarcos: Gidaijal, Keel e Heel, e o nome do quiliarco que a eles se junta é Asphael. E com isso encerram-se os dias do seu predomínio.

            (1ª Parte)

            Enoque (ou Enoch) – חנוך, Chanoch ou Hanokh – é o nome dado a um dos personagens bíblicos mais peculiares e misteriosos das Escrituras. Nasceu, segundo os escritos judeus, na sétima geração depois de Adão, sendo filho de Jarede, e pai de Matusalém.

             Enoque é o assunto de muitas tradições judaicas e cristãs. Ele foi considerado o autor do Livro de Enoque e também chamou Enoque de escriba do julgamento.

             De acordo com a tradição escrita hebraica denominada Tanakh, relatada em Gênesis, capítulo 5, versos 22-24, Enoque teria sido tomado por Deus para que não experimentasse a morte e na certa fosse poupado da ira do dilúvio:

             “E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.”

             Há dois aspectos extraordinários no relato de Enoque, enfocados nesses versículos, que não foram enfocados em outras gerações: as indicações do texto de que ele “andou com Deus” e o fato que, supostamente, ele não teria morrido, pois “Deus para si o tomou”. Estes relatos foram a origem de muitas fábulas e midrashim (estudos rabínicos mais aprofundados) de sábios judeus ao longo de séculos. Muitos deles se incomodaram muito pelo fato que Enoque "só" vivera 365 anos, uma curta duração de vida para sua época, de acordo com o livro de Gênesis.

             Sobre este personagem bíblico existem também os livros apócrifos pseudoepígrafos: “Livro de Enoque I” e o “Livro de Enoque II", que fazem parte do cânone de alguns grupos religiosos, principalmente dos cristãos da Etiópia”, mas que foram rejeitados pelos cristãos, por não terem sido inspirados pelo Espírito Santo e pelos hebreus, por serem particularmente incômodos do ponto de vista político. Todavia, a epístola de Judas, no Novo Testamento bíblico, faz uma menção expressa ao Livro de Enoque, fazendo uma breve citação nos versos 14 e 15 de seu único capítulo. De acordo com O Livro de Enoque: com estudo comparativo das principais traduções, existem vários livros atribuídos a Enoque, sendo três os mais conhecidos: O Livro de Enoque (ou Enoque etíope ou Enoch 1), O Segundo Livro de Enoque (ou Enoque Eslavônico) e O Terceiro Livro de Enoque (ou Enoque hebraico). O mais conhecido é o primeiro deles, que está incluído na bíblia etíope, é considerado autêntico pelos judeus da Etiópia e era considerado autêntico pelos judeus até cerca do ano 200, tendo feito parte do corpus bíblico hebraico até essa época e tendo sido removido por um rabino, por diversas razões, inclusive políticas. Cerca de 200 anos mais tarde, São Jerônimo, encarregado de criar a bíblia cristã, se baseou no princípio "verdade hebraica", que significava que os livros considerados autênticos pelos judeus (do Antigo Testamento) eram autênticos. Por essa razão, o Livro de Enoque caiu no esquecimento no Ocidente, até ser reencontrado mais de mil anos depois. O Livro de Enoque (Enoch 1) foi traduzido e publicado no Brasil pela primeira vez em 1982. O Livro de Enoch é extremamente polêmico, por abordar questões sexuais e raciais. Uma das polêmicas é a dos anjos caídos que desceram dos céus para ter relações sexuais com mulheres que consideraram atraentes e geraram gigantes que destruía a Terra. Outra polêmica é que de acordo com uma passagem, Adão e Eva tiveram filhos negros e Adão era branco, o que indica que Eva era negra.

             De acordo com o relato contido em Gênesis sobre a idade dos patriarcas, Sete e seus filhos ainda viviam quando Enoque foi tomado por Deus, bem como Matusalém e Lameque.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Enoque_(antepassado_de_No%C3%A9)

NOTA: Em verdade vos digo, que este texto a de ser lido não com os olhos da carne, mais sim com os do espirito, deve-se ler com inspiração, pois aquele que de modo diferente o fizer, mais lhe será a sua confusão. Aquele que  confuso se fizer e boa vontade tiver em seu intendimento, que em busca da verdade saias, porque certamente esta lhe virá a seu encontro...

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